quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Por que é tão difícil mudar?

 

A sociedade atual está atravessando um processo de mudança em sua essência. As atividades do cotidiano, que já estavam em nossa memória, se modificaram e isso causou um impacto gigante em nossas vidas, bem como na maneira como construímos e compreendemos as informações que nos cercam.

Mudar significa motivar-se para o movimento, isto é, nosso sistema nervoso deve trabalhar em nosso favor, compondo redes neurais que favoreçam a mudança de modo positivo. Sendo assim, quando falamos em mudança, nos referimos a sair do conforto do conhecido e do habitual, seja em uma relação (social ou amorosa), trabalho ou mudanças físicas.

Porém, na verdade, somos resistentes a mudança pela familiaridade que desenvolvemos com nosso padrão e nossas memórias já consolidadas, pois tais experiências nos provam a todo momento que permanecer no habitual é o correto.

Geralmente, o que nos é conhecido não precisa ser mudado, até que comece a causar algum sofrimento. Muitas perturbações psicológicas iniciam porque o indivíduo tem que se adaptar a uma nova condição, porém, isso leva resiliência e disposição, além de tempo para investir em um processo de mudança.

O papel da memória

É importante dizer que a memória é de extrema importância para nossa vida. Tal processo psicológico é responsável por decodificar, recuperar, eventos passados e lembrar os eventos do futuro. Dessa forma, tudo o que já faz parte do processo de memória só precisamos acessar, pois não existe a conscientização e planejamento do que fazer.

A resistência para mudança também passa pelo processo de memorização e nossos hábitos. Nesse sentido, “um hábito é um tipo de memória consolidada sobre a qual nós temos menos consciência sobre, ou seja, executamos algo a partir do piloto automático”, explica a neuropsicóloga Rochele Paz Fonseca.

Nosso cérebro é projetado para lidar com mudança, pois trata-se de um processo evolutivo, entretanto, quanto menos nos conscientizamos desse processo, menos intencional ele se torna e mais difícil ele fica.

Dessa forma, quando atuamos de forma mecânica, as funções executivas, aplicadas pelo córtex pré-frontal, ficam comprometidas, pois não precisamos usar o controle inibitório para filtrar pensamentos, gerenciar emoções ou pensar antes de agir.

Então, o processo de mudança fica prejudicado, uma vez que é mais difícil nos adaptarmos as demandas do cotidiano ou usar criatividade para chegar à resolução de um problema. Ficamos presos no mesmo padrão e postergamos a mudança.

Por que é tão difícil mudar?

Como vimos, pessoas costumam encontrar-se em situações habituais e não conseguem mudar. Porém, como podemos entender melhor essa situação? Bem, para isso iremos utilizar de um exemplo capaz de ajudar a entender o caso.

Então, imagine como se você estivesse em um labirinto. Quanto mais você tenta acertar o caminho, mais em direção ao interior do labirinto você vai. Entretanto, em um certo momento, você se sente estressado, ansioso e, muitas vezes, triste, pois todas as saídas parecem fechadas.

Dentro desse contexto, quando uma situação toma conta de sua vida é natural que as emoções venham à tona. Em um diálogo fisiológico, a amígdala, uma parte bem pequenininha em nosso cérebro, começa a se sobrepor sobre as decisões do córtex pré-frontal, e nos faz reagir emocionalmente, seja de uma maneira regulada ou não.

Agora, imagine viver em um constante labirinto. De um jeito ou de outro, você se adapta aquilo, porém, deixa de perceber qual é sua postura e não pensa como se houvesse um outro padrão. A dificuldade de mudar existe porque não refletimos sobre nossas atitudes, já que estamos no piloto automático.

O processo da mudança

A vida é feita de transformações e quanto mais resistimos a isso, mais difícil é a aceitação. Todas estas situações implicam em voltar suas energias para concretizá-las, ou seja, é preciso um investimento mental e psicológico para tal.

Mudar requer um conjunto de habilidades emocionais e racionais, pois, assim, tais mudanças realmente serão profundas e não superficiais. O processo de mudança vai além de um processo emocional, ele é biológico e físico, já que envolve fatores que nem sempre partem da força de vontade.

De acordo com Daniel Goleman, o pai da inteligência emocional, para uma mudança positiva precisamos de: motivação, apoio, avaliação, planejamento e prática. Basicamente, são pequenos passos que podemos dar a partir da consciência, do gerenciamento das emoções, do gerenciamento social e da consciência social.

Sendo assim, para realizar mudanças é importante ter em mente um processo longo e, em alguns momentos, falhos. Dessa forma, vale saber que as condições memorizadas e familiares ao seu cérebro serão a força contrária ao objetivo. Por isso, comece a mudar mesmo que seja difícil, porque iniciar um processo pode lhe trazer a confiança para continuar.

Técnica SMART

Tudo bem falhar durante um processo de mudança. Tudo bem faltar coragem. Não é preciso culpar-se por isso, às vezes, nem tudo é preto no branco. Então, que tal experimentar uma técnica para aumentar a probabilidade de sucesso na mudança?

A técnica de planejamento “Smart” ajuda a tornar o seu objetivo real. Por isso, aceite suas limitações e faça com que elas trabalhem a seu favor. Não tenha pressa e realize com calma cada uma das etapas.

Specific (Específico)

É preciso ter um objetivo específico para realizar a mudança. Seja uma semana, um mês ou um ano. Tente trazer para sua realidade. Se há uma dificuldade em executar uma tarefa, seja ela emagrecer ou melhorar sua comunicação em seu relacionamento, tenha claro que não será em dois dias que isso se construirá. Seja gentil com você mesmo.

Measurable (Mensurável)

Aqui, você terá que ser capaz de medir o seu objetivo. Então, se você pretende praticar atenção plena, por exemplo, você pode medir quantas atividades por dia você pode executar estando presente no momento. Ou, se você quer melhorar sua comunicação, veja quantas vezes conseguiu expressar-se assertivamente. Lembre-se de sempre voltar em seu objetivo específico.

Attainable (Alcançável)

Não coloque um peso maior do que você pode carregar. A intenção é fazer com que você se desenvolva positivamente e não trazer mais um problema para você lidar.

Relevant (Relevante)

O objetivo deve ser relevante e ter sentido para você e sua vida. Cuidado com ideias pré-concebidas, pois elas também podem interferir em seu processo de mudança.

Time-based (Temporal)

Pense em quanto tempo você deseja alcançar o seu objetivo. Leve em conta sempre como se sente em relação ao seu objetivo. Mude se for preciso, adapte-se e tente um outro caminho, quem disse que não pode?

Dicas para mudar

Mudar pode ser um processo doloroso. Embora o ser humano seja instrumentado para isso, às vezes, as emoções falam mais alto. Então, é importante saber da dificuldade, além de compreender que somos capazes para isso,

Uma dica: deixe uma nota em seu celular ou mural com os dizeres “Sou capaz de mudar e posso tropeçar, mas sou capaz de mudar”. A técnica do cartão de enfrentamento serve para lembrar que é seu direito mudar, embora seja difícil.

Além disso, a mudança implica em conscientizar-se da necessidade. Por isso, exercícios de meditação guiada e mindfulness são possibilidades de aprendizado para focar no momento presente. Procure estar presente no aqui e no agora, mude o que você é capaz de mudar e simplesmente aceite aquilo que não é possível agora.

Por fim, observe seu vocabulário, o que você não faz agora, e o que ainda não é possível ser feito. Procure falar de seus atos e de seu temperamento como entidades separadas. Você pode não aprovar sua conduta para tal situação, mas isso não quer dizer que você seja uma pessoa ruim.

Por
 Psicóloga Priscila Peruchi/Telavita

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

7 características de pessoas emocionalmente fortes

 7 características de pessoas emocionalmente fortes

As características das pessoas emocionalmente fortes não têm nada a ver com a dureza do caráter, a inflexibilidade e a tendência a se impor aos outros. Muito pelo contrário. A força emocional não se expressa através de gestos de força, mas principalmente de resistência e autocontrole.

Por isso, todas as características das pessoas emocionalmente fortes estão relacionadas com os conceitos de moderação e equilíbrio. Viemos ao mundo sem eles, embora com o potencial para desenvolver ambos. Depende de cada um conseguir fazer isso.

“A força cresce proporcionalmente à carga”.
– Thomas Wentworth Higginson –

Dessa forma, autocontrole é a palavra-chave. Isso não tem nada a ver com a repressão, mas sim com a habilidade de processar o que sentimos, de modo que não transborde e que não nos leve a agir de maneira que prejudique a nós mesmos ou os outros. As características das pessoas emocionalmente fortes falam sobre autocontrole. Veja sete delas a seguir:

Traços das pessoas emocionalmente fortes

1. Não procuram chamar atenção

Uma das características das pessoas emocionalmente fortes é que elas mesmas se validam. Isso quer dizer que não dependem da opinião dos outros para pensar ou sentir que a própria opinião é válida ou adequada. Elas são guiadas por seus próprios critérios.

Mulher forte que entende suas emoções

Por outro lado, uma das características da fragilidade emocional é a dependência excessiva do que os outros pensam. Isso significa que a pessoa não dá valor a si mesma e que os outros têm controle sobre a vida dela.

2. A reafirmação

Essa característica está intimamente relacionada com a anterior. Um dos traços da força emocional é a capacidade de lidar com a rejeição e processá-la sem gerar danos, deixar vestígios ou condicionar as ações.

Evidentemente, todo mundo sofre com a rejeição dos outros. No entanto, quando isso gera um medo excessivo, acabamos dizendo “sim” quando queríamos dizer “não”, por medo de que nos excluam ou nos questionem. Existe uma força emocional quando enfrentamos esse medo e o administramos adequadamente.

3. Fazem o que desejam

Fazer o que se deseja não significa agir arbitrária e caprichosamente, como uma criança. O desejo infantil é diferente do desejo adulto. No primeiro caso, é resultado de um impulso, e no segundo, fruto do autoconhecimento e do autocontrole.

Uma pessoa emocionalmente forte é capaz de decidir o que deseja depois de um processo de reflexão. Também tem vontade suficiente para ir atrás disso e não desistir de alcançá-lo.   

4. Não procuram prejudicar os outros

O desejo de causar danos aos outros somente nasce quando há algo desestruturado ou mal resolvido dentro de nós mesmos. Os seres humanos, em todas as circunstâncias, precisam dos demais. Nós somos seres interdependentes.

Uma pessoa emocionalmente saudável sabe disso, e é por essa razão que vê o próximo como igual. Ela o respeita e o valoriza, da mesma forma que deseja ser valorizada e respeitada. Sabe que a cooperação e a compreensão são caminhos para chegar a uma vida mais plena.

Mulher forte e determinada

5. Escolhem suas amizades

Um dos traços das pessoas emocionalmente fortes é que elas são seletivas com as pessoas que deixam entrar em suas vidas. Sabem que não podem abrir as portas do coração, num mesmo nível, para todo mundo.

Também compreendem que parte do bem-estar depende da qualidade das relações que estabelecem com os outros. É por isso que rejeitam as relações abusivas, conflituosas ou desgastantes. Buscam, basicamente, relações humanas saudáveis.

6. Não temem a mudança

Não ter medo da mudança é um sinal evidente de força emocional. Se somos ou nos sentimos frágeis, é normal procurarmos rotinas rígidas como uma maneira de nos proteger. Sentimos que isso nos dá segurança, ainda que nos prive de uma vida mais plena.

Quando nos reconhecemos como pessoas emocionalmente fortes, o desejo de explorar e mudar revive. Por isso, buscamos novas experiências. O novo sempre gera um certo medo, mas também é a única forma de avançar em muitos momentos da vida.

7. Não são influenciáveis

Alguém que é forte emocionalmente questiona as informações que recebe. Antes de aceitá-las, as digere e avalia. Não se preocupa em seguir tendências ou se apegar às modas, físicas ou mentais, do momento.

Mulher emocionalmente forte

Isso, evidentemente, exige uma autoconfiança suficiente. Acima de tudo, exige a compreensão de que cada um de nós, e somente cada um de nós, sabe o que é bom para si mesmo.

Esses são apenas alguns traços das pessoas emocionalmente fortes, uma maneira didática de ilustrar uma realidade que é muito mais complexa. O importante não é saber se você cumpre ou não esses aspectos, mas sim usar essas informações como ponto de referência para se questionar positivamente.

Imagens cortesia de Hülya Özdemir.

Por amenteemaravilhosa.com.br