Assistimos
a cada dia a polarização da sociedade brasileira de forma cada vez
mais acirrada e agressiva. A princípio tratava-se de questões
político partidárias, o que tornava possível manter-se
razoavelmente a distância desde que não existisse interesse pessoal
em jogo. Entretanto, a situação foi se complicando de tal forma,
que questões muito mais profundas e delicadas foram invadindo o
cenário e descortinando situações que atacam valores inestimáveis;
o que torna impossível não escolher um lado nessa dança dos
contrários.
O
que está acontecendo afinal? Por que essa loucura com nossas
crianças? Por que a censura só vale para atender determinados
interesses? O que se entende por democracia? Por que as pessoas que
clamam por socialismo deleitam-se com os mimos do capitalismo? Por
que algumas pessoas sérias permanecem na defesa do indefensável,
como se estivéssemos apenas brincando de cabo de guerra, sem
considerar a gravidade da situação atual?
É
fato que estamos todos dançando feio nessa competição desenfreada,
e nesse ritmo alucinado certamente tontos com a velocidade dos fatos
e a agressividade dos sons, nos excedemos em nossos comentários, nas
nossas ações e, sobretudo, esquecemos que não se trata de uma
competição qualquer. É muito mais profundo e duradouro que uma
mera dança, trata-se do que somos e em que acreditamos, que país
queremos para os nossos descendentes…Precisamos agir como adultos,
deixar a inconsequência da competição sem propósitos e pensar na
escolha que precisamos fazer nesse momento grave.
Por
essa razão, embora lamente termos chegado a esse ponto, eu, que já
acreditei e me emocionei com a ideologia de esquerda, mudei de lado.
Escolho repensar o modelo de país que temos; escolho pensar por mim
mesma, sem as amarras de emissoras, partidos ou profissões; escolho
um olhar crítico, sem enaltecer personalidades específicas,
lembrando que ninguém está acima do bem e do mal, portanto é
preciso discernimento e visão crítica. Sempre poderei mudar de
opinião porque não sou refém de partido ou ideologia alguma, sou
humana e naturalmente posso errar nas minhas escolhas, repensar e
mudar de postura. Mas nesse momento, escolho a direita, porque
perdemos o rumo, perdemos o ritmo, e o que ouvimos são gritos
tortuosos e ranger de dentes. Só há um meio de retomar o
equilíbrio, escolher um lado e manter-se firme e coerente nessa
escolha. Não por interesses pessoais, birra ou comodismo, mas pelo
reconhecimento de que o país é o palco e ele está ruindo sob
nossos pés.
Aparecida
Cunha
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