segunda-feira, 5 de março de 2018

Por que você deve cercar-se de mais livros do que conseguirá ler em vida



Uma prateleira (ou um leitor de livros digitais) cheia de livros revela boas coisas sobre a sua mente.
A aprendizagem ao longo da vida ajudará você a ser mais feliz, ganhar mais e até mesmo manter-se saudável, dizem os especialistas.
Mais do que isso, muitos dos empresários mais inteligentes do mundo, de Bill Gates a Elon Musk, insistem que a melhor maneira de ser mais inteligente é lendo. Então, o que você faz?
Você compra livros, muitos livros.
Mas a vida é corrida e intenções são uma coisa, ações são outra. Logo você encontra sua prateleira (ou leitor digital) com títulos que você pretende ler um dia, ou livros que você folheou e depois abandonou.
Seria isso é um desastre para o seu projeto de se tornar uma pessoa mais sábia e inteligente?
Se você nunca lê nenhum livro, então sim. Talvez você queira aprender alguns truques para arrumar um tempo para ler em sua vida agitada e por que vale a pena dedicar algumas horas por semana ao aprendizado.
Mas se é apenas porque o seu ritmo de leitura não acompanha nem de perto seu ritmo de compra de livros, eu tenho boas notícias para você (e para mim, que definitivamente me encaixo nesta categoria): sua biblioteca lotada não é um sinal de fracasso ou ignorância, é um emblema de honra.
Por que você precisa de uma “antibiblioteca”
Este é o argumento que o autor e estatístico Nassim Nicholas Taleb explica em seu bestseller “O Cisne Negro”. O sempre fascinante blog “Brain Pickings” fuçou e destacou esta parte em um post muito legal.
Taleb inicia suas reflexões com uma piada sobre a incrível biblioteca do escritor Umberto Eco, que contém uma quantidade de livros de cair o queixo: 30 mil volumes.
Eco leu mesmo todos esses livros?
É claro que não, mas esse não era o ponto de cercar-se de tanto potencial de conhecimento ainda não realizado. Ao fornecer um lembrete constante de tudo que ele não sabia, a biblioteca de Eco o manteve intelectualmente faminto e continuamente curioso.
Uma coleção de livros que você não leu e que cresce constantemente pode fazer o mesmo por você. Taleb escreve:
“Uma biblioteca particular não é um apêndice estimulante do ego, mas uma ferramenta de pesquisa. Livros lidos são bem menos valiosos que os não lidos.
A biblioteca deve conter o tanto quanto você não sabe sobre seus recursos financeiros, taxas de hipoteca e o atual mercado imobiliário que caiba nela.
Você vai acumular mais conhecimento e mais livros a medida que fica mais velho e o crescente número de livros não lidos nas prateleiras vão olhar para você ameaçadoramente.
Na verdade, quanto mais você sabe, maior é a prateleira de livros não lidos. Vamos chamar essa coleção de livros não lidos de antibiblioteca.”
Uma antibiblioteca é um lembrete poderoso de suas limitações – a vasta quantidade de coisas que você não sabe, sabe pela metade, ou que um dia perceberá que estava errado.
Ao conviver diariamente com esse lembrete, você pode levar a si mesmo em direção ao tipo de humildade intelectual que aprimora as tomadas de decisões e conduz o aprendizado.
“Pessoas não andam por aí com anticurrículos dizendo a você o que elas não estudaram ou vivenciaram (esse é o trabalho dos concorrentes), mas seria legal se elas fizessem isso”, afirma Taleb.
Por quê? Talvez porque um fato psicológico bem conhecido é de que o mais incompetente é quem é mais confiante de suas habilidades e o mais inteligente é quem é cheio de dúvidas (sério, isso é chamado de efeito Dunning-Kruger).
É igualmente bem estabelecido que quanto mais prontamente você admite que não conhece as coisas, mais rápido você aprende.
Então pare de se culpar por comprar muitos livros ou por ter uma lista de livros para ler que você nunca vai terminar nem em três vidas. Na verdade, todos os livros que você não leu são um sinal de sua ignorância.
Mas se você sabe o quanto é ignorante, você está muito a frente da maioria das outras pessoas.

Publicado no Awebic/Texto de Jessica Stillman
Por Cristina Danuta/ Livros e Pessoas

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