Após o diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é hora de iniciar uma nova etapa: conhecer as opções terapêuticas.
É por meio da intervenção no desenvolvimento do autista que é possível estimular seu aperfeiçoamento em diferentes competências: sociais, de linguagem, motoras, psicológicas e intelectuais. Com isso é possível reduzir impactos do TEA e ampliar a independência funcional e qualidade de vida do autista.
Entre as perspectivas terapêuticas há a Análise do comportamento aplicada (ABA), terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia farmacológica – isto é, com uso de medicamentos se necessário.
As linhas de condutas costumam se balizar num consenso publicado em 2012 (Autism Spectrum Disorders: Guide to Evidence-based Interventions – The Missouri Autism Guidelines Initiative) – no qual se apresentam diretrizes que indicam intervenções comportamentais e farmacológicas no autismo, reconhecidas com base em evidências científicas:
Análise do Comportamento Aplicada (ABA)
Trata-se de uma ciência sendo uma abordagem da psicologia comportamental que trabalha para alterar sistematicamente comportamento da pessoa com autismo, incentivando comportamentos positivos, a interação com outras pessoas, ensinando novas habilidades, ampliando a motivação para aprender, entre outros.
Terapia de fala
Tem por objetivo trabalhar a capacidade de interação do autista com as pessoas por meio do aperfeiçoamento da linguagem falada (verbal), o que possibilita expressar necessidades e vontades com autonomia. Costuma ser aplicada por um fonoaudiólogo, que deve atuar preferencialmente em conjunto com demais profissionais e familiares.
Vale destacar que alguns indivíduos com TEA são não verbais e incapazes de desenvolver habilidades de comunicação verbal. Neste caso passa a ser desenvolvido o uso de gestos, linguagem de sinais e programas de comunicação de imagens como meios de estabelecer comunicação eficaz.
Terapia Ocupacional (TO)
Focada no aspecto motor do autista, para habilitá-lo a exercer atividades de vida diária básicas como vestir, escrever, usar uma tesoura, entre outros. A TO trabalha também na integração de atividades em seu dia a dia que satisfazem suas necessidades sensoriais e reduz o excesso ou a falta de estímulo. Quando bem trabalhada, permite autonomia tanto ao indivíduo com TEA quanto pessoas de seu convívio, como familiares.
Fisioterapia
Também aperfeiçoa habilidades motoras e auxilia a lidar com aspectos sensoriais, principalmente em relação à percepção do seu corpo no espaço. Basicamente, trabalhará as habilidades motoras bruta, tônus muscular, marcha, planejamento motor, no equilíbrio, o que possibilitará melhorar o andar, sentar, coordenar etc.
Farmacológica
Aplicada alinhada às demais terapêuticas. Cada caso será analisado pelo médico que acompanha o autista que deverá acompanhar todo o processo medicamentoso para analisar eficácia. Quando necessário, auxilia a controlar irritabilidade e comportamentos agressivos.
Há ainda terapêuticas ditas alternativas (complementares) que não possuem comprovação científica de eficácia. Caso você tenha conhecimento de alguma delas, converse sobre isso com o médico e equipe de profissionais que acompanha o caso. Muitas ainda estão no âmbito da pesquisa e tem se mostrado promissoras num futuro, como a terapia gênica e a chamada terapia celular – que usa células-tronco como ferramenta terapêutica. A prática de exercícios físicos também tem demonstrado resultados positivos, quando integrada às demais terapêuticas.
Atenção
Todo este conjunto de condutas terapêuticas para a manutenção e promoção da qualidade de vida da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo só será eficaz se não estiver restrito apenas à responsabilidade da equipe multidisciplinar que o acompanha. É fundamental que a família e demais pessoas que convivem com o autista estejam integradas e interagindo em sinergia em prol do desenvolvimento de seu familiar ou amigo.
Encorajar o autista a seguir em frente por meio do estímulo ao melhor desempenho de suas habilidades, respeitando suas particularidades e limitações, é o caminho mais promissor para o êxito no tratamento.
Por Dra. Fabiele Russo/NeuroConecta
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