A estudante brasileira Larissa Conceição Gomes Oliveira apresentou,
em dezembro último, trabalho de pesquisa no Congresso Internacional de
Física Médica [International Conference on Medical Physics], em Bangcoc,
Tailândia. O trabalho, Radiation Dose for Patients Undergoing Diagnostic CT: Follow-up Breast Cancer – Part I
(dose de radiação para pacientes submetidos a tomografia
computadorizada (TC) de diagnóstico: acompanhamento do câncer de mama),
recebeu o prêmio de melhor apresentação, o Best Presentation Gold Award of Iomp (International Organization for Medical Physics).
Bolsista de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da
Educação, Larissa foi a única representante brasileira no evento. “Tive o
privilégio de conhecer importantes e influentes físicos e médicos de
diferentes países, trocar experiências com estudantes da Tailândia e
aprimorar conhecimentos sobre os avanços tecnológicos na área”, disse.
Como pesquisadora, Larissa desenvolve o pós-doutorado no Instituto de
Radioproteção e Dosimetria (IRD) da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (Cnen), no Rio de Janeiro, sob a orientação de Simone
Kodlulovich Renha e colaboração de Lawrence Dauer, do Memorial Sloan
Kettering Cancer Center, de Nova York.
O tema principal da pesquisa é a avaliação da dose absorvida na mama
em exames de tomografia computadorizada para o diagnóstico e tratamento
radioterápico. “Desenvolver esse trabalho em conjunto com o instituto
oncológico de referência no Rio de Janeiro é uma tarefa desafiadora e de
suma importância, já que o câncer de mama representa a segunda
neoplasia maligna mais frequente entre as mulheres brasileiras e a
primeira causa de óbito dessa população”, afirmou a bolsista.
Segundo Larissa, os tumores de mama ainda são diagnosticados em
estágios avançados — aproximadamente 45% dos casos —, o que contribui
significativamente para a elevação da taxa de mortalidade. “O
diagnóstico em estadiamentos mais avançados e o difícil acesso aos
serviços de saúde pública são os principais motivos para tratamentos
mais radicais e muitas vezes ineficientes.”
Frequência — A bolsista salienta que a tomografia
computadorizada não é rotineiramente usada como ferramenta de
diagnóstico para o rastreio do câncer de mama. “Entretanto, pode ser
útil para identificar o aumento de lesões próximas à parede torácica,
avaliar o tórax, fígado e metástases ósseas e pélvicas”, disse. “Assim
como para o acompanhamento pós-tratamento oncológico.
De acordo com a pesquisadora brasileira, para verificar possíveis
reincidências do câncer, uma paciente pode ser submetida a exames de TC
de tórax várias vezes durante a vida. Mas o aumento da frequência desses
exames, nem sempre justificado, é objeto de grande preocupação.
Aproximadamente 40% dos exames realizados são desnecessários. “Mesmo que
as doses individuais de cada exame sejam pequenas, quando multiplicadas
pelo número crescente de procedimentos realizados, o balanço entre
benefícios e riscos aponta para um potencial risco futuro na saúde dessa
população, exposta indevidamente”, afirmou. “Sendo assim, um dos
grandes desafios dessa pesquisa é estimar da dose total de radiação
(efetiva e em órgãos) recebida pela paciente feminina a partir do
momento em que ela é diagnosticada pela primeira vez com câncer de mama e
após os cinco anos de acompanhamento médico.”
Larissa assegura que a pesquisa resultará em benefícios para as
pacientes e em maior responsabilidade e conscientização da equipe médica
nas prescrições de tomografias computadorizadas e nas ações corretivas
necessárias, de forma a possibilitar a redução desses exames ao mínimo.
Mais informações na página do International Conference on Medical Physics 2016 na internet.
Assessoria de Comunicação Social, com informações da Capes
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