A história inspirou o filme "Estrelas Além do Tempo" que chega aos cinemas brasileiros em fevereiro
O longa-metragem Estrelas Além do Tempo
foi lançado nesta semana nos Estados Unidos e chega ao Brasil em 2 de
fevereiro. Adaptação do livro homônimo, o filme conta a história de três
mulheres afro-americanas que fizeram parte da equipe de “computadores
humanos” da Nasa.
O grupo, composto em sua maioria de mulheres, calculava
manualmente equações necessárias para que as viagens espaciais
acontecessem. Juntas eram um grupo de 194 cientistas que trabalhavam
para a agência. O grupo foi dividido em duas equipes: uma com
matemáticas negras e outra com cientistas brancas. Ambas faziam o mesmo
trabalho, mas as mulheres afrodescendentes recebiam salários menores e
precisavam usar ambientes da Nasa reservados para negros.
Estrelas Além do Tempo retrata como as cientistas
negras Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, venceram
preconceitos de raça e gênero para que astronautas como Neil Armstrong,
Alan Shepard e John Glenn fizessem suas viagens espaciais com segurança.
Saiba mais sobre o trabalho de cada uma dessas cientistas abaixo.
Katherine Johnson
Johnson pode ser considerada uma criança prodígio. Ela
terminou o colégio aos 14 anos e se formou em matemática e língua
francesa na West Virginia State University aos 18 anos. Um ano depois de
sua graduação, Johnson foi a primeira mulher negra a ser selecionada
para integrar um curso de pós-graduação na West Virginia State
University.
Entre os anos de 1953 e 1958, Johnson trabalhou como
“computador humano” para o Comitê Consultivo Nacional de Aeronáutica
(Naca), órgão que viria a ser a Nasa.
O filme foca na época em que Johnson fez os cálculos para
que o astronauta John Glenn se tornasse o primeiro norte-americano a
orbitar a Terra. Em 1962, a Nasa começou a usar computadores eletrônicos
pela primeira vez. No entanto, Glenn se recusou a entrar no foguete
antes que Johnson verificasse a rota criada pelo computador.
Outra contribuição importante de Johnson foi o cálculo da
trajetória do voo do Apolo 11, o foguete que levou os homens à Lua pela
primeira vez, em 1969. Além de tudo isso, a cientista é coautora de 26 artigos científicos
e recebeu recentemente das mãos do presidente dos Estados Unidos Barack
Obama uma das maiores honrarias do país: a medalha presidencial da
liberdade.
Dorothy Vaughan
Vaughan se formou em matemática aos 19 anos pela
Universidade de Wilberforce. Em 1943, após anos trabalhando como
professora de matemática, ela começou a trabalhar no laboratório de
aeronáutica Langley Memorial na Naca. Na época, as Leis de Jim Crow
estavam em voga e, por isso, Vaughan fazia parte do West Area Computers,
um grupo composto apenas de mulheres afro-americanas que trabalhava
como computadores humanos.
Diferentemente de Johnson, Vaughan não continuou no ramo da
matemática com a chegada dos computadores eletrônicos. Ela percebeu que
todas as mulheres do West Area Computers seriam as primeiras a serem
demitidas com o uso de máquinas da IBM. Assim, ela decidiu aprender a
programar e ensinou a outras mulheres a tarefa.
Em 1949, Vaughan tornou-se chefe do West Area Computers.
Ela foi a primeira supervisora negra da história da Naca. A cientista
continuou no laboratório até 1958, quando a Naca passou a ser chamada
Nasa. Em seguida, foi designada para a Divisão de Análise e Computação
da Agência Espacial.
Mary Jackson
Jackson se formou no Hampton Institute em 1942 com um
diploma duplo em Matemática e Ciências Físicas. Foi apenas em 1951 que a
cientista começou a trabalhar com o grupo segregado West Area
Computers. Após dois anos trabalhando lado a lado com Dorothy Vaughan,
Jackson trabalhou para o engenheiro Kazimierz Czarnecki no Túnel de
Pressão Supersônico, um túnel de vento de 60 mil cavalos que era capaz
de explodir quase qualquer coisa com ventos próximos ao dobro da
velocidade do som.
Para que pudesse realizar experimentos dentro do túnel,
Jackson precisou entrar em um treinamento que a promoveria de matemática
para engenheira. No entanto, as aulas eram realizadas na segregada
Escola Secundária de Hampton e ela precisou de uma permissão especial
para se juntar aos alunos brancos. Em 1958, Jackson se tornou a primeira
engenheira mulher e negra da Nasa.
A cientista foi autora e coautora de uma dúzia de relatórios de pesquisa. A maioria desses estudos são focados no comportamento da camada limite de ar em torno de aviões.
Por
Marina Demartini, de Exame.com/republicado por Superinteressante
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