Escolas enfrentam o desafio de formar crianças que vão lidar com
tecnologias que ainda nem foram inventadas. Para especialistas, o caminho é
investir em valores
Robôs, algoritmos e a velocidade da computação já substituíram alguns
trabalhos que costumavam ser comuns. Secretárias, caixas de banco e
trabalhadores de fábricas estão dando lugar a máquinas e softwares. No futuro,
à medida que a tecnologia se desenvolve, diversas áreas de trabalho serão
afetadas. Então, como garantir que as crianças de hoje recebam a educação
necessária para competir com máquinas que ainda não foram inventadas?
O diretor da UVV Business School, Jefferson Cabral, que estuda os
valores e as habilidades das profissões do futuro, acredita que são os jovens
da chamada geração alfa (nascidos depois de 2010), que vão nortear quais as
ferramentas e ações as escolas terão que compor para dar conta desses desafios.
“A relação deles com a tecnologia é completamente diferente. Nós vamos chegar
num estágio em que esse novo público vai influenciar na ambiência dos
negócios”, explica.
O engenheiro da computação e diretor da escola Ctrl+Play, Gustavo Loss,
ensina robótica e programação para crianças a partir de 7 anos. Para ele, o
mercado atual já sente falta de especialistas em tecnologia e, com o passar do
tempo, vai precisar ainda mais dessa mão de obra.
Por isso, segundo o diretor, é preciso instruir as crianças desde cedo
sobre habilidades, como a programação e a robótica. “A criança já é
naturalmente exposta à tecnologia, mas quando, desde nova, ela passa a criar
aplicativos, programas e robôs, ela desenvolve habilidades que a colocam à
frente.”
Amanda Macário tem só 10 anos, mas já programou dois jogos, sozinha.
“Achei que fosse ser mais difícil, mas até que é fácil”, relata.
Embora, à primeira vista, pareçam ferramentas muito complicadas para
crianças, Gustavo explica que tudo é feito de forma lúdica. “A criança aprende
a criar um jogo de computador, que é algo que ela já gosta. Se o aluno sabe
fazer um jogo, na frente, quando precisar desenvolver um programa ‘sério’, ele
vai conseguir”, explica.
Mesmo com um mercado ainda pequeno no Brasil, as escolas de programação
para crianças já são uma realidade em outros países, como Estados Unidos, Reino
Unido e Austrália. Cabral avalia que programar será, em breve, uma habilidade
fundamental. “Quanto mais a criança entender a lógica da programação, melhor
vai conseguir se apropriar para os objetivos da profissão dela”, diz.
Para Loss, não importa a profissão escolhida pelo jovem, é quase certo
que ele vai se envolver em algum processo tecnológico que talvez ainda nem
tenha sido inventado. “Todas as áreas serão ligadas à tecnologia, até aquelas
que não são hoje. Então, ter um conhecimento como esse afeta todo o conjunto
das profissões.”
Gustavo ressalta que, ainda, há um longo caminho a ser percorrido.
“Quase todos os pais concordam que é importante ter conhecimento de
programação, mas nem todos estão agindo para tentar garantir aos filhos essa
oportunidade, como fazem com o inglês, por exemplo”, diz.
Por Especiais Gazeta online
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