quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Onde Judas perdeu as botas


A religiosidade popular foi responsável pela cunhagem dessa conhecida expressão 
 Do ponto de vista histórico, bem sabemos que o homem tem a incrível capacidade de fantasiar e transformar as narrativas que lhe estão disponíveis. Um texto ou ditado popular sofre apropriações e reinterpretações que os transforma em um bem cultural subordinado ao interesse e o costume dos homens de uma época. De fato, seriam bastante os exemplos que sustentam essa tese.
Entre a Antiguidade e a Idade Média, por exemplo, a inacessibilidade aos textos bíblicos foi responsável pela criação de várias narrativas envolvendo os personagens cristãos. Os feitos e destinos de certos nomes presentes na Bíblia ganhavam acréscimos e certas distorções que salientavam a forte presença do cristianismo no imaginário dessa época. Levando em conta que boa parte da população era iletrada, ficava difícil de impor um rigor de verdade entre as várias histórias de cunho bíblico.
Por meio de um desses mitos, acabamos por descobrir a origem de uma expressão popular utilizada quando algo fica bastante longe ou “onde Judas perdeu as botas”. Na Bíblia, não existe nenhum indício ou relato de que Judas Iscariotes, o delator de Cristo, teria ou não o hábito de calçar botas. Contudo, uma antiga história popular dizia que o discípulo traidor teria escondido em um par de botas as trinta moedas que firmaram o acordo com os sacerdotes judeus.
Comprovando a natureza mítica do relato, até hoje ninguém teve a oportunidade de descobrir o lugar onde as botas de Judas teriam ficado escondidas. Dessa forma, com o passar do tempo, o lugar “onde Judas perdeu as botas” foi sendo empregado para quando alguém não conseguia encontrar algo ou indicar algum território longínquo, de difícil acesso. Por fim, bem sabemos que a antiga fantasia do imaginário cristão acabou ficando viva nessa expressão ainda tão empregada.
Por Rainer Sousa/Brasil Escola/UOL


Para que serve a “pinta” na testa das indianas?


 SIMBOLISMO UNISSEX Desenhar uma pinta entre os olhos é uma maneira simples de alguém demonstrar que segue o hinduísmo. Ou seja, o sinal não é restrito às mulheres nem às indianas. Ele pode ser observado em vários países do sul e do sudeste da Ásia, onde a religião é popular. Aliás, o sinal se chama bindi, em hindi, uma das línguas oficiais da Índia

A RECEITA
A pinta representa uma espécie de “terceiro olho”, que enxerga coisas que os olhos físicos não conseguem. O bindi pode ter vários formatos e cores, mas uma das mais comuns é o vermelho, obtido graças a um pó chamado sindur, feito de pasta de sândalo ou de uma mistura de açafrão vermelho com suco de limão
BELEZA EXTERIOR
O bindi também tem função estética, como uma maquiagem. Então, ele pode incluir joias. Além disso, dependendo da região, ele pode indicar o estado civil da mulher – o bindi vermelho é sinal de que ela é casada (condição que garante um status social diferente). Já o bindi preto é uma proteção contra mau-olhado antes do casamento.
Por Carolina Canossa. Pergunta feita pelo leitor Robson Arcanjo Martins/Mundo Estranho

Livraria Cultura compra e-commerce de livros Estante Virtual

Livraria Cultura compra Fnac: Segundo a Cultura, a compra faz parte do atual movimento de expansão da empresa, iniciado em julho de 2017 com a compra da Fnac no Brasil

A Livraria Cultura anunciou nesta terça-feira a compra do e-commerce de livros Estante Virtual. O valor da transação não foi divulgado.
Com a aquisição, a Livraria Cultura projeta um aumento de mais de 60% nas transações online durante os próximos dois anos.
Ainda segundo a Cultura, a compra faz parte do atual movimento de expansão da empresa, iniciado em julho de 2017 com a compra da Fnac no Brasil, inserindo no portfólio da livraria produtos eletrônicos e tecnológicos. Já a Estante Virtual é líder em marketplace de livros na América Latina, ou seja, na venda de produtos de terceiros — o negócio tem 4 milhões de clientes cadastrados e 17,5 milhões de livros vendidos.
Publicidade
“As práticas da Estante convergem com os valores da Cultura, uma empresa que começou sua história justamente alugando livros novos e usados. Hoje, mais do que nunca, acreditamos na importância de propagar a cultura do reuso no país. E, através dela, contribuir ainda mais com a democratização do conhecimento”, explicou o CEO da Livraria Cultura e da Fnac Brasil, Sergio Herz.
Por Thaís Augusto/msn


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Trabalhadores montam decorações de Natal com resíduos de obras, na Grande Goiânia


 
















Funcionários montam decorações de Natal usando resíduos de obras na Grande Goiânia (Foto: Arquivo Pessoal/Ana Flávia Canedo)


     Funcionários que trabalham nas construções de prédios montaram decorações natalinas usando materiais descartados dos canteiros de obras na Grande Goiânia. O objetivo foi envolver todos os colaboradores no projeto já no espírito do Natal e também conscientizar sobre a sustentabilidade.

            Foram montadas árvores de Natal e presépios usando pallets, tijolos, copos descartáveis, sacos plásticos, capacetes e trenas que seriam jogadas foras, entre outros itens. A adesão dos colaboradores surpreendeu até mesmo os responsáveis pelo projeto.

“Foi uma ideia para envolver toda empresa e sair da rotina, mostrar que os canteiros de obra não são esse ambiente totalmente cinza. É a primeira vez que fizemos e não sabíamos que seria tão bem aceito, foi muito bem recebido por todos”, disse a gerente de marketing da construtora, Ana Flávia Canedo.

      Trabalhadores de seis empreendimentos participaram do projeto. Para incentivar a participação, a empresa decidiu premiar a decoração mais bonita. Porém, a ideia ultrapassou as barreiras do canteiro de obras.“Teve uma colaborada que disse nunca ter imaginado uma decoração coisas de construções, mas que ficou tão bonito que ela estava pensando em fazer uma parecida na casa dela. E isso mostra que é possível fazer algo bonito, interessante, criativo, sem gastar muito”, disse Canedo.

            Em uma das obras, o projeto foi tão bem aceito que, ao invés de criar apenas uma árvore de natal, os funcionários criaram um cenário inteiro usando os itens que seriam descartados. “A nossa árvore foi feita com latas de tintas, porque estamos em fase de acabamento e temos muitas latas disponíveis. Mas também fizemos uma base e algumas árvores com pallet e montamos um boneco de neve com copos descartáveis foram usadas na obra”, contou o engenheiro Pedro Paulo Silveira Borela.

                  A decoração conquistou não apenas os funcionários, mas também chamou a atenção de interessados em comprar algum apartamento. “Estamos em uma fase em que recebemos muitas visitas. E tem muitas pessoas que tiram foto com a decoração, elogiam”, completou. 
 Por Vitor Santana, G1 GO

 

Cultura de Coaching x Cultura tradicional do direcionamento nas empresas!

Muitos responsáveis pelo RH reclamam da liderança, os líderes reclamam de suas equipes, as esquipes reclamam dos processos e regras e de seus gestores e assim passam os dias e nada muda.
Muitas vezes o líder tenta auxiliar, motivar mas acaba batendo sempre na mesma tecla, sendo apenas Gestor, ou seja, fala de metas e bonificações, não desenvolve a criatividade, a autonomia e a capacidade sendo que o liderado precisa se sentir responsável por um algo mais, sentir-se no caminho de uma mudança comportamental, perceber que o líder confia em suas habilidades e etc.
Se você não entende de comportamento, não saberá lidar com ninguém, pesquisas trazem que o líder precisa de 80% de suas competências, relacionais e hoje como o líder desenvolve a equipe sem falar de processos, metas e dizer como deve ser feito?
Portanto como atingir um alto nível de engajamento e produtividade na empresa? Vou trazer alguns benefícios do Coaching em relação a instrução do funcionário pelo gerente.
O benefício número um é com certeza Maior Desempenho e Produtividade!
O processo de Coaching coloca em ação o que as pessoas e equipes têm de melhor, algo que jamais a instrução, o direcionamento conseguirá despertar e muito menos manter.
O Coaching leva também a uma Melhor Aprendizagem.
O Coaching contribui para aprendizado acelerado, sem perda de tempo. O prazer e a retenção são mais significativos. Seria importante, ter uma melhor aprendizagem e maior aproveitamento do tempo?
Relacionamento Melhores, tem conflitos na empresa?
Apenas o fato de você perguntar mais que direcionar já valoriza mais a pessoa e a sua resposta.
Quando você diz o que precisa ser feito, não há uma troca de informações.
Uma simples pergunta como, O que você valoriza mais nesse projeto? Já levará ele a parar para pensar pois raramente perguntam...
Outro ponto de extrema importante é Mais Tempo para o Gerente.
Os funcionários que são treinados, que acolhem a responsabilidade, não tem que ser perseguidos, vigiados, liberandos os gestores para desempenhar com mais qualidade suas reais funções, não precisando focar no operacional e outros pontos de menor importância.
Ideias Criativas!
O ambiente de Coaching propicia mais sugestões criativas de todos da equipe, sem ridicularizar nenhuma pessoa e uma ideia criativa costuma desencadear outras que levam a solução de muitos problemas e a inovação.
Melhor Uso das habilidades e recursos.
Nós somos cheios de recursos e muitas vezes com a postura tradicional de direcionar o gerente não acaba enxergando e desenvolvendo todas as habilidades ocultas e após o Coaching, com a mudança da postura começa a descobrir talentos não declarados na equipe.
Funcionários mais motivados e não pela questão financeira!
A cenoura e o bastão perderam o sentido, e hoje as pessoas se motivam porque querem, por um propósito maior e não porque precisam. O Coaching ajuda e muito as pessoas a descobrirem sua motivação, pois ela é interna e pessoal.
Mudança de Cultura.
Os princípios do Coaching sustentam um estilo de gestão da cultura de alto desempenho a que tantos lideres empresarias aspiram. Investir em uma cultura de desenvolvimento faz com que toda a corporação tenha melhores resultados.
Poderia trazer muitos benefícios e resultados obtidos através do Coaching, são extraordinariamente positivos.
Porque mostram que fatores mentais e emocionais são de primordial importância, o Coaching valoriza as pessoas e capacidade de gerir a si próprio. Enquanto os gestores buscarem só desenvolver suas habilidades técnicas, não terá um bom resultado e não será um verdadeiro líder para sua equipe!
“No futuro, as pessoas que não forem Coaches não serão promovidas. Gestores que forem Coaches serão a regra.”
Jack Welch
Por Bruno Ferreira/Administradores.com.br

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Livro inédito de Ariano Suassuna é lançado esta semana no Recife



 Zélia, o grande amor de Ariano, e seu filho, Dantas, que vem cuidando do legado do pai Foto: Leo Mota/ JC Imagem
 Zélia, o grande amor de Ariano, e seu filho, Dantas, que vem cuidando do legado do pai
Foto: Leo Mota/ JC Imagem


 O romance, dividido em dois volumes, é tido como o grande legado literário do artista e foi organizado pela família

Cascalho, rochedo, pedregulho, granizo. Ariano Suassuna sempre foi fascinado por qualquer tipo de pedra, fato que não passa despercebido pelos seus leitores. O paraibano que fez de Pernambuco sua morada, falecido em julho de 2014, aos 87 anos, colocou muitas vezes as pedras como sendo figuras centrais não só de suas criações artísticas, mas também de suas analogias. Ele costumava dizer que, em sua família, haviam as pessoas que jogavam as pedras e outras que as recolhiam, como bem lembra seu filho Manuel Dantas – também as juntava e colecionava, complementa Zélia, seu grande amor e esposa.
Existem ao longo de sua notável trajetória de vida referências diretas a este encantamento, desde o romance A Pedra do Reino, que consagrou o autor nacionalmente e representa um dos marcos iniciais do Movimento Armorial, às esculturas na casa onde morou e onde Zélia continua vivendo, no bairro de Casa Forte, passando ainda pela tipografia que vinha desenvolvendo desde a década de 1990, através da qual a rigidez do ferro deu espaço à sinuosidade da pedra esculpida. Tudo parecia estar sendo meticulosamente e poeticamente pensado para este momento, este livro inédito e póstumo que acaba de ser lançado pela editora Nova Fronteira: A Ilumiara – Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores (R$ 189,90).
Ao longo de seus últimos 30 anos de vida, Ariano vinha trabalhando nesta que é sua grande obra, seu testamento literário, finalizada um pouco antes dele falecer. O próprio termo ilumiara foi criado por ele para se referir aos anfiteatros formados por pedras insculpidas e pintadas. O box, contendo os dois volumes do romance, chegou às livrarias da capital pernambucana na última semana, mas esgotou em poucos dias. Neste sábado, às 15h haverá na Livraria Cultura do RioMar Shopping o lançamento oficial da obra com um evento fiel à trajetória e ao universo suassuniano.
Dantas vai levar ao Teatro Eva Hertz uma aula espetaculosa aberta ao público, acompanhado com Carlos Newton Júnior (pesquisador da obra de Ariano Suassuna e autor da apresentação do romance), Ricardo Barbarena (autor do posfácio), Esther Simões (neta de Ariano e pesquisadora), Ricardo Gouveia de Melo (designer e idealizador do projeto gráfico da obra) e Adriana Victor (jornalista e ex-assessora do escritor).
O próprio termo “aula espetaculosa” não é apenas uma alusão às aulas- espetáculo, grande projeto de Ariano que o levou às mais diversas cidades de todo o País e através das quais ele unia em um universo circense música, dança e contação de causos. É que Dom Pantero, protagonista deste livro, realiza uma aula espetaculosa através da qual ele satisfaz seu desejo criativo de escritor frustrado com a ajuda de seu três irmãos, um dramaturgo, outro romancista e o terceiro poeta – cada um deles, assim como um tio ensaísta, representando as diversas facetas criativas do próprio Ariano, além das ilustrações que permeiam todas as páginas da obra.
O livro em si é, na verdade, a aula espetaculosa, um grande simpósio que se desenvolve ao longo de uma manhã e de uma tarde, daí a decisão de dividir a obra em dois volumes, O Jumento Sedutor e O Palhaço Tetrafônico. “Se ele tivesse tido mais tempo, vivido mais, teria escrito um terceiro volume, que corresponderia à parte noturna do simpósio”, explica Dantas.
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Autobiografia, ficção, ensaio, poesia, teatro ou artes plásticas? Não há porque classificar O Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores em apenas um gênero, já que todos estão presentes nas mais de mil páginas do livros. Essa amálgama literária e visual é justamente o que define o livro como sendo, para Carlos Newton, “o mais pós-moderno da literatura brasileira”. “Através da história de Dom Pantero e de seus alter egos, Ariano está falando de si e do Brasil. É um grande ensaio sobre nosso país”, ressalta Raimundo Carrero, leitor assíduo de Ariano e autor da contracapa do primeiro volume. São inúmeros os personagens que permeiam o livro e muitos deles foram baseados em pessoas que passaram pela vida do autor, às vezes com seus verdadeiros nomes e outras não.
“Ele sempre pensou o livro plasticamente, onde queria reunir todas suas formas de expressão”, pontua Dantas. “Ariano não foi só um grande artista, mas também um grande comunicador”, ressalta Ricardo Gouveia. Além de ter se inspirado em amigos e familiares para criar a narrativa de Dom Pantero – que também é a sua própria –, o autor, como sempre muito perspicaz e bem-humorado, também inseriu críticas que foram publicadas em grandes jornais do Brasil sobre suas obras, mas atribuindo-as a diários de cidades interioranas nordestinas.
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Processo Criativo
Escreve, desenha, rasura, reescreve e rasura mais uma vez. Em 33 anos, não foram poucas as mudanças realizadas por Ariano no seu romance. Montado a mão, o autor ia tirando cópia do que escrevia e fazendo as colagens das ilustrações. “Ele compartilhava conosco as mudanças. Enquanto reescrevia, lia algumas partes e mostrava como estava o andamento do livro”, lembra Zélia.
“Sua ideia inicial era de publicá-lo acompanhado de um DVD onde estariam reunidos trechos das aulas espetáculos que dialogavam com a história, mídia que foi substituída por QR codes”, complementa Carlos Newton. Ao leitor e espectador muito atento, passagens das apresentações do paraibano não passarão despercebidas em trechos d’O Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores.
A simbiose entre a ficção e a realidade é muito bem construída e chega a ultrapassar as páginas do livro, indo até a fazenda Carnaúba, em Taperoá, no Cariri paraibano, cenário bastante característico e próprio do imaginário de Ariano. Manuel Dantas está realizando um dos sonhos de seu pai, o de concretizar a Ilumiara Jaúna que ilustra o livro. A pedra de mais de 30 metros de comprimento está sendo esculpida pelo filho com os desenhos criados pelo pai. “Tenho ainda um projeto maior de realizar espetáculos lá afazendo. Estou também planejando uma exposição com as litogravuras do meu pai, os originais do livro e outros material”, finaliza. O legado de Ariano Suassuna continuará, sem dúvidas, vivendo.
Por  Valentine Herold, no JC Online/

Como exatamente os povos africanos se comunicam com tambores?

E como o funcionamento desse método é essencial para entender a história das telecomunicações

 

Um bit é uma unidade de medida, como um quilo, um litro ou um metro. Só que em vez de massa, volume ou distância, ele serve para medir algo um pouco mais abstrato: informação.
Quando alguém pergunta (por exemplo) se você tem filhos, só há duas respostas possíveis: “sim” ou “não”. Essa resposta contém, sem tirar nem pôr, um bit.
Um bit é uma escolha entre duas possibilidades quaisquer: sim e não, preto e branco, direita e esquerda. Ou, se você for um computador, 0 e 1. O famoso código binário, alicerce de tudo que se faz no Vale do Silício.
Hoje em dia, um bit é carne de vaca, coisa banal. Seu celular processa 30,2 milhões deles cada vez que você ouve em Shape of You, de Ed Sheeran. Isso significa que a quantidade de informação que um alto falante precisa receber para fazer o ar vibrar de forma que você ouça a canção equivale a 30,2 milhões de perguntas do tipo “sim ou não”.
Houve uma época, porém, em que transmitir um bit (um mísero bit, unzinho) era um esforço homérico. E “homérico”, aqui, é ao pé da letra: estou falando da Guerra de Troia.
Quando a cidade lendária caiu na trapaça do cavalo de madeira, os gregos precisaram dar um jeito de enviar a boa notícia à cidade-estado de Micenas, a 600 quilômetros de distância. Era lá que estava Clitemnestra, esposa de Agamenon, o líder do exército vitorioso. Em 1200 a.C. não havia celular ou rádio, então o jeito foi usar uma rede de fogueiras pré-posicionadas nos cumes mais altos de uma cadeia de montanhas.
Era uma mensagem simples: fogueira acesa significava “vitória”, fogueira apagada, “derrota”. A tática funcionou graças ao mesmo princípio do telefone sem fio: uma fogueira acesa no topo de uma montanha pode ser vista em um raio de dezenas de quilômetros em torno de si. O suficiente para o mensageiro que está no topo da próxima montanha observá-la e acender sua própria. E assim por diante, até o bit solitário e luminoso, de fogueira em fogueira, atingir seu objetivo do outro lado.
É um esforço aceitável nessa situação, mas não é o mais prático dos interurbanos. Pena que, mais de 3 mil anos depois, pouca coisa havia mudado na Europa. Até a invenção do código Morse e do telégrafo, no século 19, mensageiros a cavalo (ou, porque não, fogueiras?) ainda eram a maneira mais rápida de enviar um telegrama.
Dá para imaginar então a surpresa dos primeiros missionários europeus quando eles começaram a explorar a África no século 18 e descobriram que vários povos considerados “primitivos” na verdade eram capazes de transmitir mensagens complexas (e poéticas, como você descobrirá daqui a pouco) por distâncias enormes usando… tambores. Pois é, tambores.

Notícias de nascimentos, funerais e batalhas. Valia tudo. Como o som dos tambores ecoava por até 10 quilômetros quando eles eram tocados às margens de um rio, em menos de uma hora uma mensagem complexa poderia atingir os músicos de todas os núcleos populacionais em um raio de 150 quilômetros – que então se encarregariam de passá-la para frente.
Os europeus levaram um baile. Quando partiam em uma jornada, sua chegada já havia sido comunicada, via tambores, ao local de destino. Um passe de mágica para os padrões da época. O truque só seria revelado 200 anos depois, em um livro publicado em 1949 pelo britânico John Carrington – que se mudou para a África com 24 anos, se apaixonou pelo continente e lá ficou.
É o seguinte: muitas línguas da África subsaariana, ao contrário das latinas, são tonais. Isso significa, grosso modo, que uma mesma palavra, como “bola”, pode significar coisas diferentes se for dita com entonação de pergunta (“bola?”) ou de exclamação (“bola!”). Essa peculiaridade adiciona uma camada extra de significado à língua: além da articulação das consoantes e vogais, a melodia da voz transmite informações. Falar e cantar são quase a mesma coisa.
Instrumentos de percussão, ao contrário de nós, não são capazes de produzir vogais e consoantes. Mas alguns (é só lembrar das cuícas brasileiras) podem produzir melodias e até imitar razoavelmente bem os sons de animais. Ao usar os tambores para reproduzir a parte melódica de frases pronunciadas em língua tonal, os povos do sul da África conseguiam “falar” com a música.
Acontece que essa é uma simulação de fala meio abafada: sabe quando alguém que está escovando os dentes tenta falar com você de boca fechada? Dá para descobrir se o “hunf hunf” é uma pergunta, uma afirmação ou uma resposta. Mas é quase impossível identificar as palavras isoladamente.
Isso acontece porque seu interlocutor excluiu bits da mensagem. Uma camada de informação, que corresponde às vogais e consoantes, foi perdida. Só ficou a outra, a da entonação. Para compensar essa perda de informação, uma saída possível é adicionar mais palavras. Repetir a mesma frase de outros jeitos, até que a pessoa entenda, por cruzamento de informações, exatamente o que você quer dizer.
Os africanos sacaram isso: sendo redundantes, eles conseguiam fazer os tambores serem bem, bem específicos. Por isso, uma frase tão simples quanto “nasceu uma criança em no vilarejo de Bolenge” se tornava “As esteiras estão enroladas, sentimo-nos fortes, uma mulher veio da floresta, ela está na vila aberta, e basta por enquanto”.
Pois é, muito maluco. E metafórico. No fundo, porém, é a mesma coisa que fazemos em um país estrangeiro quando precisamos falar algo para um gringo: gesticular, usar metáforas e dar voltas desnecessárias para transmitir uma ideia.
E esse é, mais no fundo ainda, o resumo de toda a história das telecomunicações: um equilíbrio delicado entre a quantidade de bits que nós temos à disposição para transmitir mensagens, e os truques que usamos quando a quantidade de bits é insuficiente. Telégrafo, telefone e Skype foram só os próximos passos da mesma jornada.
Essa história sensacional – e muitas outras, ainda melhores – são contadas no livro A Informação, de James Gleick (que saiu na Brasil pela Cia. das Letras). Ele não é novo, mas vale dar uma boa procurada em sebos para encontrá-lo.
 Por Bruno Vaiano/Superinteressante