aprender muito similar à dos cientistas.
A constatação, que enfatiza a importância das experiências vividas pelas
o ensino infantil.
avaliaram os mecanismos de pensamento das crianças pequenas.
Ela defende que as crianças, mais do que os adultos, são capazes de
propor teorias incomuns para resolver problemas. "Esse tipo de pensa-
mento hipotético reflete sobre o que poderia acontecer, e não sobre o
que realmente aconteceu. E esse é um tipo de pensamento muito poderoso
que usamos na ciência", diz Alison. Ela completa que a própria brincadeira
de faz de conta, aquela atividade espontânea em que as crianças costumam
se engajar, é "uma reflexão sobre esse raciocínio e compreensão profundos".
Mas como é possível saber que crianças pequenas ou até bebês, que ainda
nem têm a fala desenvolvida, tenham a capacidade de fazer análises estatís-
ticas? A resposta vem de experimentos recentes que têm testado a capaci-
dade reflexiva de crianças cada vez mais novas.
Em um deles, por exemplo, bebês de 8 meses mostram-se surpresos
quando o pesquisador retira de uma caixa cheia de bolas brancas,
contendo apenas algumas bolas vermelhas, uma amostra com a maioria
de vermelhas e poucas brancas. Alison observa em seu artigo que é como
se os bebês dissessem: "Aha! A probabilidade de isso ter ocorrido por
acaso é menor que 0,05".
Uma das pesquisadoras que atualmente se dedica a essa abordagem
é a psicóloga Fei Xu, do Laboratório de Cognição e Linguagem Infantis
da Universidade da Califórnia em Berkeley. "Em situações da vida real,
estamos sempre em situações de incerteza. Então temos de pensar qual
é a probabilidade de algo acontecer", explica a cientista. "Queremos
saber se os bebês têm essa habilidade de raciocínio mesmo antes do
aprendizado da linguagem."
Outras experiências citadas por Alison foram bem sucedidas em demonstrar
que crianças também aprendem com suas experimentações individuais,
que surgem em meio às brincadeiras, e ainda observando seus colegas.
Os mesmos procedimentos utilizados pelos cientistas.
Nova visão
No passado, o entendimento sobre o raciocínio das crianças pequenas
era de que elas eram seres ilógicos e só concebiam o aqui e o agora.
Hoje, as escolas levam em conta sua capacidade de experimentação.
Segundo a psicopedagoga Quézia Bombonato, presidente da Associação
Brasileira de Psicopedagogia, existe a construção do conhecimento e
não a simples transmissão de informação. "É o ato de fazer que, do
ponto de vista neurológico, faz com que o conhecimento saia do sistema
límbico, de memória a curto prazo, e vá para o córtex, que corresponde à
aprendizagem efetiva."
A educadora Priscila Cantieri, coordenadora de Educação Infantil da Escola
o tema."
Para a educadora Roberta Bastos Ganan, do Colégio Humboldt, a capacidade
de aprender com os colegas também é valorizada nas aulas. "Criamos pequenos
grupos para discutir determinado assunto, em que cada um expõe sua opinião
e busca chegar a algum consenso."
Para Alison, deve-se considerar que crianças em idade pré-escolar são
cientistas naturais, para ajudá-los a entender os princípios da ciência formal.
"A própria ciência pode ajudar a transformar a curiosidade e o brilho naturais
da criança em melhor ensino e aprendizado."
O educador Silvio Barini Pinto, diretor do Colégio São Domingos, faz um
contraponto a essa ideia. "Ao trazer o método científico para a pauta da
educação de crianças, penso que se promove uma precipitação que pode
embotar as experiências sensíveis, tão relevantes no desenvolvimento
psicossocial." .
Fonte O Estado de S.Paulo.
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