Diversos estudos apontam que há uma maior prevalência de casos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em pessoas do sexo masculino do que no feminino. Estima-se que a proporção de autismo seja de uma menina para cada 3-4 meninos.
Até por conta disso, surgiu o movimento Abril Azul, pois o Transtorno é mais comum em meninos.
Geralmente, o autismo das meninas é mais leve, o que faz com que elas passem anos e anos sem saber que são autistas. Também é comum que essas meninas recebam um diagnóstico equivocado como Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Apesar de não haver uma razão clara para que as mulheres sejam menos propensas a serem afetadas pelo autismo do que os homens, existem algumas teorias.
Além disso, geralmente, meninas não se encaixam em grande parte dos estereótipos do espectro. Normalmente quando as pessoas pensam em autismo elas pensam naquela criança isolada no canto fazendo movimentos repetitivos e estranhos… Mas, o espectro é muito mais amplo.
Prevalência do TEA
Hoje a prevalência do TEA de acordo com o CDC dos EUA é de 1:36. Então muito provavelmente nós conhecemos muito mais pessoas dentro do espectro do que imaginamos.
Sinais do TEA em meninas
As meninas com TEA tendem a mascarar mais os sintomas do que os meninos. Elas também podem ter sintomas leves e não apresentar atrasos de linguagem e isso pode dificultar o diagnóstico na infância.
Em geral, espera-se que as meninas sejam mais caladas ou tímidas que os meninos. Por isso, o autismo pode ficar mais evidente na adolescência, quando elas precisam se relacionar socialmente nas escolas ou grupos sociais. Ou seja, quando as demandas sociais aumentam.
Nessa fase, elas podem parecer mais inocentes do que as outras meninas, não entendem duplo sentidos, piadas e evitam se expor.
Além disso, podem gostar mais de rotina do que as outras garotas e sentem dificuldades de aceitar mudanças.
Outro fato interessante é que as meninas tendem a disfarçar mais suas limitações sociais, pois conseguem imitar comportamentos de outras meninas da mesma idade. Além disso, apresentam menos atitudes repetitivas e restritas. Isso ocorre devido à estrutura cerebral, que é diferente entre meninos e meninas e por causa dos aspectos hormonais.
O cérebro feminino tem uma inteligência social maior do que a dos meninos, por isso, o TEA pode ser mais facilmente camuflado. Descobertas preliminares em algumas pesquisas mostram que existem diferenças nos cérebros de meninas e meninos com o transtorno.
Outro fator importante é que as pesquisas que envolvem o autismo geralmente focam somente nos meninos. Por isso, há pouco estudo que fale especificamente das meninas com autismo.
Além disso, as meninas com autismo são mais propensas a ter altas taxas de depressão e ansiedade e até mesmo distúrbios alimentares.
Na adolescência, principalmente, as meninas autistas são frequentemente isoladas ou têm menos amigos do que outras colegas e sentem dificuldade de interagir.
Diagnóstico do TEA em meninas
É comum que as meninas busquem ajuda profissional na adolescência por estarem deprimidas e descubram que têm autismo. E na verdade, em vez de ser depressão, elas possuem um quadro de autismo leve que ainda não tinha sido diagnosticado.
Como o TEA é mais difícil de ser identificado nas meninas, as avaliações clínicas devem ser mais rigorosas para as meninas, e os pais devem prestar muita atenção aos possíveis indicadores de TEA.
Quando o TEA demora a ser identificado, as meninas podem perder a chance de desenvolver suas habilidades mais rapidamente, o que prejudica a sua qualidade de vida.
Mas, a cada dia, aumentam os estudos e interessados em analisar a questão de gênero e quais fatores influenciam no surgimento do TEA em meninas.
Atualmente, alguns pesquisadores buscam acompanhar as meninas autistas desde a infância para traçar em breve novos modelos de diagnóstico para que elas possam ter uma intervenção precoce e ganhe qualidade de vida.
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Referências
Why Many Autistic Girls Are Overlooked. Child Mind Institute. Disponível em https://childmind.org/article/autistic-girls-overlooked-undiagnosed-autism/
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