No Brasil desde maio de 2016, ferramenta usada por Harvard e Stanford permite disponibilizar conteúdo, programar aulas, aplicar testes, enviar vídeos e áudios aos alunos, entre outras facilidades para educadores, estudantes e escolas
Lançada nos Estados Unidos em 2011, a plataforma de gestão de aprendizagem LMS Canvas chegou ao Brasil em maio do ano passado. Usada por universidades internacionais de ponta, como Harvard e Stanford, a ferramenta tem cerca de 18 milhões de usuários no mundo e se diferencia de outras com funcionalidades semelhantes por ser fácil de usar.
A plataforma foi criada por dois alunos, Brian Whitmer e Devlin Daley, da área de engenharia de software da Brigham Young University (BYU), em Utah, durante uma aula de empreendedorismo. “O projeto de conclusão de curso deles era a criação de um novo LMS. Eles estavam frustrados com a plataforma que usavam. Achavam confusa”, explica Lars Janér, diretor para a América Latina da empresa Instructure. LMS significa “Learning Management System” (Sistema de Gestão de Aprendizagem, em português).
Um professor deles, Josh Coates, atual CEO da empresa, decidiu ajudá-los a desenvolver o negócio desde que fossem conversar com instituições de ensino para descobrir que problemas elas precisavam resolver. Os estudantes visitaram 18 universidades em diferentes estados americanos. Voltaram com um relatório que mostrava as frustrações de professores e reitores com os ambientes virtuais que usavam.
Os alunos e o professor viram que o mercado estava carente de uma plataforma com usabilidade mais simples. Desenvolveram o LMS Canvas entre 2008 e 2011. “Foi um sucesso absoluto. Hoje, são mais de 2.000 clientes e quase mil funcionários”, diz Janér. A empresa abriu capital na Bolsa de Nova York em 2015.
O motivo, segundo o diretor, é que a plataforma atende às principais necessidades dos professores, alunos e instituições. Está toda na nuvem, tem software aberto e tem foco na usabilidade, fácil e intuitiva. “Além de ter todas as ferramentas, tudo é mostrado de maneira harmoniosa e é fácil de operar”, afirma Janér.
Por ser disponibilizada inteiramente online, os recursos podem ser atualizados com frequência e podem ser acessados pela internet de qualquer lugar por professores, alunos, pais e gestores da escola. O software aberto permite que outros aplicativos e programas educacionais – como Khan Academy, Youtube, Dropbox, ferramentas de gamificação e outros -, possam ser integrados com facilidade ao ambiente virtual de aprendizagem. É possível ainda personalizar a ferramenta para as necessidades específicas da escola ou do professor.
Para usarem a ferramenta de forma gratuita, professores (pessoas físicas) precisam fazer um cadastro. Depois, podem criar um ou mais cursos, disponibilizar conteúdos, vídeos, imagens, arquivos em PDF, programações de aulas e convidar alunos para usarem. “Tudo é feito de maneira fácil. Eles podem configurar os cursos em módulos, com a estrutura que quiserem. Podem arrastar e soltar vídeos. Tudo fica na tela. Não precisam sair do ambiente. Podem usar conteúdo de terceiros”, explica Janér.
Ao acessar o conteúdo pelo computador, tablet ou celular, o aluno visualiza páginas, vídeos, fóruns e testes. O curso pode ser 100% online ou ter parte presencial e parte com apoio da plataforma, que tem aplicativos para os sistemas operacionais Android e iOS. O estudante também pode enviar tarefas, vídeos e áudios e fazer provas pelo ambiente virtual. “Tudo fica centralizado lá dentro, desde o consumo de conteúdo até a interação”, diz Janér. Os usuários podem escolher se querem receber avisos por SMS, e-mail, pelo Twitter ou por notificação no aplicativo da plataforma. Qualquer alteração no calendário do professor, por exemplo, é informada automaticamente aos alunos. Há espaço para troca de mensagens também.
Para a escola, os benefícios também são grandes. Em primeiro lugar, segundo Janér, por ser fácil de usar e estar sempre disponível, a instituição tem a garantia de que a ferramenta será utilizada por todos. Há ainda o ganho de produtividade e de tempo, já que é possível agilizar processos, aplicação de provas e a comunicação. “O fato de estar sempre na nuvem, facilita também porque tira a complexidade da área de TI. A escola não precisa se preocupar com servidores e computadores. Pode aproveitar o que existe na ferramenta para focar em experiências que vão de fato agregar valor para alunos e professores”, diz Janér.
Outra funcionalidade é a existência de um repositório de objetos de aprendizagem. Isso permite que a instituição compartilhe todo o conteúdo disponível com todos os professores e com o público em geral. A escola pode importar ou exportar conteúdo. “Ajuda muito a criar um padrão de conteúdo compartilhável e a aproveitar o que o professor cria”, afirma Janér.
A instituição tem acesso ainda a todos os dados gerados pela plataforma, para montar relatórios relacionados aos estudantes, com informações sobre performance, risco de evasão, retenção, entre outras. É possível personalizar o visual do ambiente virtual com cores e o logotipo da escola. A Escola Móbile, em São Paulo, por exemplo, que usa a plataforma desde 2015, batizou o LMS de “Móbile Virtual”.
A empresa se mostra otimista com a receptividade que teve no Brasil em seus primeiros meses de funcionamento. “Estamos crescendo rápido e vamos continuar. Percebemos que o mercado brasileiro tem um pensamento bastante avançado sobre tecnologia. O brasileiro é bastante conectado, avançado em relação a outros países. Quando as escolas percebem que o LMS Canvas vai trazer um ambiente mais moderno, que se parece com as ferramentas do dia a dia, que traz simplicidade, percebem que a perspectiva de uso é muito boa”, diz Janér.
Segundo o diretor, já há professores de escolas públicas usando a plataforma. “É uma ótima alternativa. É uma ferramenta super moderna, avançada. Faz todo sentido para a região. Obviamente que se eles gostarem de usar, vão espalhar. Para nós, é uma maneira de tornar a plataforma conhecida”, diz Janér.
Outro uso que já é feito no Brasil é o da versão open source, gratuita. A diferença, neste caso, é que o software precisa ser instalado no servidor da instituição. Essa foi a escolha feita pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), de acordo com Janér. “Eles optaram por instalar no próprio servidor deles. O LMS Canvas é open source. Tem o código disponibilizado online de forma gratuita. Pode ser instalado no servidor e disponibilizado para a instituição. Neste caso, não existe a facilidade de ficar na nuvem e não há suporte da empresa. Existe apenas a atualização constante do código. Também não é possível usar o aplicativo. Mesmo assim, a Univesp tem tido um retorno positivo dos professores e dos alunos. É um uso possível”, explica Janér.
por Fernanda Nogueira/Porvir
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