Paulo Guilherme Santos é funcionário da Serasa Experian há 26
anos. Atualmente, aos 46, exerce a função de analista de operações
de TI. Desde abril de 2013, trabalha a maior parte do tempo em casa,
uma mudança na rotina que surgiu quando aEspondilose Cervical
reduziu sua mobilidade na porção lombar da coluna vertebral e
provocou um déficit neurológico em sua perna esquerda.
Foi nessa época que Paulo passou
a integrar o quadro de funcionários com deficiência da empresa e a
fazer parte dos profissionais que trabalham por meio da cota exigida
pela Lei nº 8.213 (24/7/1991).
Trabalhar em casa, segundo o
analista, não teve qualquer impacto na sua autoestima. “Na empresa
tenho os companheiros que me auxiliam no trabalho e também nas
possÃveis necessidades em caso de problemas de saúde, além de toda
a interação com eles, que são minha segunda famÃlia”, diz.
A realidade de Paulo Guilherme se
torna cada vez mais comum no ambiente empresarial, não apenas para
trabalhadores com deficiência fÃsica, sensorial ou intelectual, mas
são essas pessoas as principais beneficiadas com a modernização
das relações entre profissionais e corporações.
“Nosso programa de home office
foi implementado em 2012. É possÃvel trabalhar remotamente, desde
que o profissional atenda às premissas do programa, como ter ao
menos seis meses de casa, realizar atividades que não exijam contato
pessoal constante com clientes e manter boa performance”, explica
Andréa Regina, gerente de sustentabilidade corporativa da Serasa
Experian. “Os candidatos são informados sobre essa possibilidade
durante o processo seletivo’, afirma.
Andréa
Regina está em pé, com os braços cruzados. Ela usa uma blusa azul
marinho. Ela sorri.
A mudança pode ter um impacto
substancial na vida do funcionário. No caso de Paulo, dificuldades
para permanecer sentado ou em pé durante muito tempo exigem dele
disciplina, mas também é fundamental que a liderança da equipe
compreenda essa dinâmica. “Tenho autonomia para me levantar e
relaxar um pouco”, diz o funcionário. “Foi difÃcil, ainda é,
pois as dores constantes e as dificuldades de deslocamento me causam
problemas, mas aos poucos estou me adaptando”, comenta.
E como um homem que trabalha há
quase três décadas na mesma empresa encarou essa mudança? Ele se
sentiu excluÃdo? Ou a possibilidade de permanecer trabalhando, mesmo
com tantas mudanças no corpo, foi benéfica?
“Continuar trabalhando foi
ótimo. Não me senti excluÃdo. Estou em todos os projetos e
procedimentos da área. Sei que um dia vou parar de trabalhar, são
as contingências da vida, mas para isso eu vou me preparar”,
comenta Paulo Guilherme.
Andréa Regina explica que a
Serasa Experian ainda não tem nenhum funcionário trabalhando 100%
do tempo em casa. “Em todos os casos, independentemente de ter
deficiência ou não, o funcionário trabalha na empresa, ao menos,
uma vez por semana”, diz. “Essa frequência foi determinada para
garantir a interação com a equipe, lÃder e colegas de trabalho, a
participação em eventos corporativos e reuniões importantes”,
ressalta a gerente.
“Havendo a necessidade do
trabalho 100% em casa, a interação se mantém em reuniões por
videoconferência, contatos frequentes por telefone e aplicativos de
mensagem. Os lÃderes também são preparados para a gestão Ã
distância, garantindo que o funcionário que trabalha remotamente
esteja envolvido no dia a dia da empresa”, afirma a executiva.
Vários
representantes de grandes empresas firmam pacto para inclusão de
pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Eles estão em pé,
um ao lado do outro, sorrindo para foto.
“Por outro lado, o próprio
funcionário também tem a responsabilidade de se manter envolvido
com a equipe e estar disponÃvel através de vÃdeo, mensagem
instantânea e telefone, durante seu horário de trabalho. A
integração à distância é uma via de duas mãos”, destaca
Andréa.
O desafio também exige atitude da
empresa e do empregado. Paulo Guilherme diz ter sentido uma grande
valorização da companhia ao receber apoio em um momento de
transformação. “Tenho que agradecer aos grandes incentivadores da
empresa, pois graças a eles me empenho mais a cada dia”, celebra o
analista.
O caso de Paulo Guilherme Santos
não é o primeiro do tipo na Serasa Experian. Outro profissional,
reabilitado pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), retomou
as atividades na empresa com flexibilização de horário e trabalho
em home office. “Em ambos os casos, o acompanhamento
interdisciplinar foi essencial para que o retorno ao trabalho e
reintegração à área garantissem qualidade de vida ao funcionário,
sem perder a produtividade e a motivação”, explica a gerente de
sustentabilidade corporativa.
A estrutura de trabalho já era
possÃvel na empresa, mesmo antes desses casos, por meio de dois
programas (Home Office e Inclusão) voltados aos profissionais com
deficiência. Mas a primeira situação comprovou que essa estrutura
de trabalho realmente funciona e gera benefÃcios ao funcionário e Ã
empresa.
“Para o funcionário, a
possibilidade de flexibilizar seu horário e local de trabalho,
contribui para a produtividade e engajamento. Para a empresa, o maior
benefÃcio é ter essas pessoas motivadas e produtivas”, diz Andréa
Regina.
Para a executiva, o trabalho
flexÃvel colabora para a redução dos problemas das grandes
cidades, como mobilidade e poluição, além de contribuir para
diminuir gastos com postos de trabalho e materiais descartáveis.
“Essa mudança de cultura deve
ser muito bem conduzida para que os gestores compreendam os
benefÃcios do modelo de trabalho remoto. A empresa deve garantir
boas ferramentas de tecnologia e suporte constante a gestores e
funcionários. Um programa bem estruturado, bem comunicado e que
propicie capacitação para a gestão à distância, não deve trazer
prejuÃzos para a empresa. Em nossa experiência, percebemos, no
começo, que alguns lÃderes não se sentiam confortáveis com o
modelo de trabalho remoto, mas ao conhecerem o propósito do
programa, assim como os deveres e direitos dos lÃderes e liderados,
tornaram-se confortáveis para aderirem a esse modelo de trabalho”,
celebra explica Andréa Regina, gerente de sustentabilidade
corporativa da Serasa Experian.
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