Genial e picareta, ele criou dezenas de invenções estranhas e algumas das tecnologias mais importantes dos últimos séculos
O ano era 1898. Dentro de um
tanque, um robô-navio obedecia ordens e fazia cálculos de todo tipo. A multidão
assistia em êxtase. Já o inventor, Nikola Tesla, não via nada demais. Ele sabia
que tudo não passava de um truque feito com outra invenção sua: o controle
remoto. Mesmo assim, afirmou: “Este é o primeiro de uma raça de robôs que fará
o trabalho braçal para a humanidade”. Tesla era uma celebridade na sua época.
Grande parte de sua fama vinha de uma briga contra Thomas Edison, um dos
maiores inventores de todos os tempos. O motivo era que Tesla havia criado
ferramentas para tornar viável o uso da corrente alternada, um modo eficiente
de transmitir energia a grandes distâncias, mas mais perigoso em caso de
acidentes. Edison (que baseava suas tecnologias na corrente contínua) inventou
a cadeira elétrica para mostrar os perigos da “corrente assassina de Tesla”
para os seres humanos. Não teve sucesso. A corrente alternada até hoje é o que
corre nos fios de alta tensão do planeta, mas a fama de diabólico perseguiria
Tesla até o fim de seus dias.
Ele colaborava para isso. Em
1898, criou uma máquina de terremotos. Era um aparelho que detectava a
freqüência de vibração de um objeto e o fazia oscilar nesse ritmo. Com ela, fez
uma viga de metal chacoalhar quase a ponto de romper-se e, pouco depois,
repetiu a experiência no próprio laboratório. A vizinhança chamou a polícia e
Tesla destruiu a marteladas a “invenção que podia partir o planeta em dois”.
Seu plano final era transmitir eletricidade pela crosta terrestre, de forma que
qualquer pessoa no mundo pudesse ligar uma lâmpada simplesmente enfiando-a na
terra. Em maio de 1899, criou um laboratório que eletrificou os terrenos em
volta. Acabou falindo em menos de um ano, quando queimou a usina elétrica local
e teve de pagar indenizações.
A partir daí, Tesla tornou-se
puro folclore. Disse ter recebido sinais de rádio alienígenas (na verdade, os
sinais vinham de astros e Tesla estava, sem querer, descobrindo o princípio do
radiotelescópio). Quebrado, passou o resto de seus dias buscando sem sucesso
alguém que bancasse seus experimentos. Sua imagem, no entanto, ficou
eternizada: o pesquisador de idéias estranhas, cercado por torres que lançam
raios, foi a grande inspiração para a figura do cientista louco de filmes e quadrinhos.
Grandes momentos
• Nasceu em 1856 na Sérvia ,
tornou-se engenheiro e, em 1884, mudou-se para Nova York.
• Disse ter criado o “raio da
morte”: um canhão de partículas que destruiria inimigos a 321 km de distância.
Ninguém tentou construir.
• Morreu em 1943. Muitos
acreditaram que ele havia sido levado por extraterrestres.
• Ao morrer, deixou a um credor
uma caixa que teria “parte do seu raio da morte”. Disse que seria fatal se
aberta pela pessoa errada. Dentro havia uma peça comum para qualquer eletricista.
• Seu nome virou a unidade padrão
para medir a força de um campo magnético. 1 tesla equivale a 10 000 gauss.
• 3 ganhadores do Prêmio Nobel
dedicaram a ele sua conquista.
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