Você sabe diferenciar birra de uma crise na criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)?
Realmente, ambas as circunstâncias podem parecer em primeira
instância muito similares. Por isso, compreender essas situações é um
importante passo para saber como conduzir a criança e, assim, fazer o
manejo mais adequado em resposta a cada uma delas.
Em linhas gerais, a chamada “birra” é comportamental e consiste numa
explosão desencadeada por uma frustração. Já a crise é um colapso
decorrente de uma sobrecarga sensorial.
Vamos entender melhor cada uma delas:
A birra é um recurso que a criança utiliza para chamar a atenção ou
para conseguir alguma coisa que deseja de seus pais ou cuidadores (sejam
eles da família ou não – como professores na escola, por exemplo).
Costuma ocorrer quando é negado a ela. Portanto, trata-se de uma espécie
de “estratégia” para que uma situação se reverta em favor dela.
Chorar, se debater no chão, gritar são alguns desses mecanismos
característicos da birra. Outro aspecto comum da birra é que geralmente
ela persistirá se a criança ganhar atenção pelo seu comportamento, mas
diminuirá quando ignorado. Quando a birra ocorre e os pais “cedem” às
explosões das crianças, elas podem repetir o comportamento na próxima
vez em que lhes for negado o que querem.
Para tentar resolver a situação, procure demonstrar empatia pela
suposta necessidade da criança, sem ceder à sua decisão (caso ela seja
uma resposta negativa ao desejo que foi manifestado). É possível prevenir a birra e evitar que desencadeie um quadro de irritabilidade (ou mesmo de uma crise) lançando mão de ações como aquelas baseadas no método conhecido como Análise Comportamental Aplicada (ABA).
Já a crise no TEA, também conhecida como “colapso”, costuma ocorrer
quando a criança com TEA é exposta a estímulos sensoriais com os quais
ela não consegue lidar. Pode ser desde um ruído, até luzes, vozes ou
mesmo uma mudança na rotina a qual ela esteja habituada.
O colapso é uma tentativa desencadeada pelo organismo da criança com o
objetivo de reestabelecer o equilíbrio, estabilizando as emoções.
O que fazer nesse caso?
Diferentemente da birra, a crise tende a cessar após um desgaste
emocional – o que nem sempre é a melhor resposta, dado a exaustão que
pode ser gerada na criança.
O ideal para acalmar a criança é afastá-la da fonte de estímulos e/ou
propor atividades das quais ela goste. São atitudes que poderão
redirecionar o foco dela tirando-a da crise.
Um dos recursos que podem auxiliar a acalmar a criança é identificar
os gatilhos que precedem uma crise. Essa estratégia pode ajudar a evitar
o episódio ou a manejá-lo de uma melhor maneira.
Procure ficar atento. Mapeie os sinais e compartilhe suas percepções
com a equipe multiprofissional que acompanha a criança para que juntos
possam encontrar os recursos ideais para gerir cada uma delas, seja uma
birra, seja uma crise.
Também pode ser bem-vindo conversar com a criança, caso haja essa
possibilidade. Ouvi-la e compreender o que está gerando determinada
ansiedade pode ser um caminho positivo para que encontrem uma solução.
Às vezes, o que ela precisa é de um abraço, um carinho ou mesmo, que
brinquem com ela.
Lembre-se: procure sempre oferecer ao autista uma atmosfera de
segurança e tranquilidade, para que ele consiga se sentir reconfortado e
regule seus sentidos e emoções.
Referências:
Bennie, Maureen. Tantrum vs Autistic Meltdown: What Is The Difference? Autism Awareness Centre. Disponível em https://autismawarenesscentre.com/what-is-the-difference-between-a-tantrum-and-an-autistic-meltdown/ Acessado em 23 de fevereiro de 2018.
Morin, Amanda. The Difference Between Tantrums and Sensory Meltdowns. Understood.org. Disponível em https://www.understood.org/en/learning-attention-issues/child-learning-disabilities/sensory-processing-issues/the-difference-between-tantrums-and-sensory-meltdowns Acessado em 22 de fevereiro de 2018.
Wise, Rachel. How to Handle Temper Tantrums (Home & School). Education and Behavior. Disponível em http://www.educationandbehavior.com/how-to-handle-a-temper-tantrum/ Acessado em 24 de fevereiro de 2018.
Por NeuroConecta
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