Na adolescência, Sabrina Pasterski se divertia construindo aviões. Hoje, impressiona o mundo da física com os seus estudos sobre buracos negros.
(Cambridge02138/Creative Commons)
Ela
não tem Twitter e mal atualiza a sua conta no Facebook. Se você procurar o seu
nome no Instagram, irá encontrar uma conta cujo a descrição do perfil é: “Não
sou a real Sabrina, pois ela provavelmente está ocupada fazendo alguma coisa
incrível”. E é verdade. Sabrina Pasterski tem apenas 24 anos e está prestes a
se tornar PhD em Havard estudando um dos assuntos mais desafiadores da física:
buracos negros e a natureza da gravidade e do espaço-tempo. A forma como está
lidando com o tema fez com que o corpo docente da instituição afirmasse que
estão trabalhando com “a nova Einstein”.
Filha de pai americano e mãe cubana, Sabrina nasceu em
Chicago onde estudou numa escola para crianças superinteligentes. Em 2013, foi
a primeira mulher em duas décadas a formar-se em física no MIT entre os
melhores da turma. Stephen Hawking citou o trabalho de Pasterski mais de uma
vez em um paper publicado
em 2016. Jeff Bezos, fundador da Amazon, vestiu a camiseta de fã da menina e a
convidou para trabalhar na Blue Origin, empresa de astronáutica da qual é dono.
Onde? Onde ela quisesse, o importante é ter uma mente assim por perto. A NASA
não quis ficar para trás e fez uma proposta parecida. Ela recusou ambas, quer
focar nos estudos por hora.
Sabrina apareceu
para o mundo aos 14 anos, quando bateu na porta do MIT para receber o aval e
reconhecimento do avião monomotor que projetou e construiu com as próprias
mãos, além de ter feito 300 modificações no design para torná-lo mais seguro do
que outros modelos similares.
Ela se tornou a
mais jovem projetista da história dos EUA. Como se isso não fosse o bastante
para deixar a imprensa insana, pouco depois outro recorde foi quebrado – a de
piloto de testes mais jovem. Sim, Sabrina pilotou o próprio avião. Todos os
jornais que noticiaram o acontecimento destacaram o fato de que, na época, ela
ainda não tinha carteira de motorista.
Da matéria de capa
da Forbes ao Ted Talks, todo mundo queria saber um pouco mais sobre a vida da
menina prodígio. Se entregar aos holofotes é uma escolha fácil e sedutora, mas
não foi o que aconteceu. Depois de um rápido período de exposição, Sabrina
deixou de conceder entrevistas. O seu site oficial tem uma justifica no mínimo
humilde: “Sou apenas uma universitária. Tenho muito a aprender. Não mereço a
atenção”. Não é bem verdade, mas talvez tenha sido melhor assim. A imprensa já
tinha chegado naquela irritante fase em que começa a perguntar sobre namorados.
Deixem a moça
trabalhar, colegas. Ciência, como Sabrina já aprendeu, não se faz sob
holofotes.
Por Felipe Sali/Superinteressante
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