segunda-feira, 18 de março de 2019

A Momo veio para assustar ou para salvar nossas crianças?


Quem diria que seria necessário um susto como essa Momo para trazer consciência aos pais sobre a responsabilidade que têm no uso que seus filhos fazem das telinhas? Aquela velha história dos males que vêm para o bem parece representar o momento que estamos vivendo. Seja fato ou lenda, o pânico gerado nos pais de crianças ainda pequenas demais para estarem passando tanto tempo online sem acompanhamento vem para o bem.
Fontes confiáveis como CNN, Washington Post e BBC relatam ser apenas mais uma lenda urbana o surgimento da Momo nos vídeos infantis. As proporções são imensamente maiores devido à velocidade com que as informações se espalham nos dias atuais, principalmente se tratando de um fenômeno baseado em redes sociais. Tente descobrir alguém que tenha realmente visto a Momo durante algum desenho infantil. Não vai encontrar, ou, no máximo, vai se deparar com montagens que foram feitas a partir do crescimento da notícia entre pais e educadores. Não, a intenção não é desmentir, mas refletir sobre os benefícios que vieram a partir dessa onda de medo que se espalhou pelo mundo. Não faz a mínima diferença se a tal Momo aparece ou não. Seu filho precisa de um adulto monitorando tudo o que ele assiste.
Os pais devem controlar o tempo de acesso às telinhas. Mais que isso, precisam assistir junto com os filhos seus canais e personagens favoritos e comentar sobre o que veem. O perigo existe e realmente é assustador porque não basta mais fechar a porta de casa. Não há porteiro avisando quem vai subir e não há campainha tocando para que um adulto abra a porta. Por isso a postura de alerta precisará ser uma constante quando se trata de acesso de nossas crianças aos conteúdos online. Tirar a tecnologia é uma opção? Não deveria ser. Criar uma bolha na qual seu filho viverá dentro de casa só vai torná-lo uma presa ainda mais fácil. Ao se deparar com o grande poder de atração da tecnologia, essa criança não terá os parâmetros para saber até onde pode ir. Além disso, ficará evidente que é preciso esconder dos pais os prazeres que soam como pecado. O único caminho possível é educar nossos filhos para o uso consciente das ferramentas que a tecnologia nos trouxe. Ensinar sobre os perigos que existem quando se navega sem a supervisão de um adulto. Colocar regras que devem ser obedecidas quando ainda são pequenos demais para tomar decisão sozinhos.
Pense no seu celular, tablet ou TV como o mundo fora do portão da sua casa. Seu filho tem idade e sai sozinho? Atravessa a rua, vai até o comércio mais próximo fazer compras? Define se vai para a escola a pé ou de ônibus? Vai sozinho ao cinema e  decide que filme vai assistir? Se você respondeu “não” para alguma dessas perguntas, seu filho também não está pronto para decidir quanto tempo vai passar online e que canais vai assistir. E mesmo que você faça junto com ele as escolhas, assim como ele escolhe ir no parque ao invés da casa do amigo no final de semana, é você quem leva, ou garante que um adulto o acompanhe. O mesmo vale para a Internet. Você não espera que a vizinhança esteja assustada com pessoas estranhas sequestrando criancinhas para definir que seu filho de 4 anos não pode ir sozinho para a escola. Não espera notícias de atropelamento para ensinar que seu filho de 5 anos não pode atravessar a rua sozinho. De onde vem essa tranquilidade em deixar que naveguem sozinhos e assistam sem companhia desenhos e vídeos por horas a fio, sem um adulto por perto? Que essa lenda do Momo não seja um sustinho rápido, que não seja uma febre que vai passar, que tenha vindo para trazer, ainda que com atraso, uma consciência do nosso dever de pais.
Segundo a Associação Americana de Pediatria, crianças menores de 18 meses não deveriam ter acesso a telinha alguma. Dos 18 meses até 2 anos de idade, não mais de 1 hora por dia, acompanhados de um adulto que comente o que estão assistindo. E sempre tendo esse tempo intercalado com atividades concretas, lúdicas, no mundo real. Em todas as fases durante o crescimento, o monitoramento e acompanhamento dos pais é essencial. A seleção do que podem assistir também cabe aos responsáveis.
Sim, podemos colocar a tecnologia a serviço do bem estar de nossas crianças! Pensando nisso, fizemos uma parceria com o Canal do Charlotte. A partir do dia 19 de março, o Canal da Charlotte contará com vídeos do SOS Educação dirigidos aos pais, auxiliando a trazer cada episódio do desenho para a realidade da família. Que o equilíbrio entre diversão e aprendizado possa estar sempre presente dentro dos lares e que possamos respirar aliviados, certos de que nossas crianças estão seguras dentro de casa!
Por Taís e Roberta Bento/SOS Educação/Estadão

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