segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Medidas para coibir trotes violentos vão contar ponto na avaliação de universidades

Brasília – Por sugestão do Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP), as instituições de ensino superior poderão ganhar pontos nas avaliações do Ministério da Educação (MEC) caso invistam em ações para coibir o trote estudantil. A mudança é resultado de um trabalho do MPF para tentar reduzir o número de casos de trotes violentos que se repetem no início de cada semestre em diferentes universidades do país.
A Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) deu reposta positiva à sugestão do MPF para que as medidas de prevenção ao trote sejam incluídas como quesito no processo de avaliação. Como os instrumentos estão sendo reformulados, a comissão irá incluir a temática e a mudança pode começar a valer já em 2012.
“Estudando uma série de casos práticos, percebemos que muitos ocorrem em razão da verdadeira omissão da universidade que não se preocupa se o aluno vai ser lesionado ou não, a única preocupação é que o trote seja feito fora da universidade”, aponta o procurador da República Thiago Nobre. Desde 2008, ele tem trabalhado em vários casos de trotes abusivos na região de São Paulo e defende que uma atuação mais forte da instituição de ensino é determinante para prevenir a prática.
O presidente da Conaes, Sérgio Franco, explica que a avaliação vai além de aspectos como a titulação do corpo docente e a infraestrutura da instituição, mas analisa também como a universidade se relaciona com a comunidade acadêmica. “Foi analisado que, por esse motivo, cabe sim incluir uma análise sobre a atitude da instituição em relação ao problema. Não é um aspecto central na avaliação, mas é importante para ver como ela promove aquilo que ultrapassa a transmissão de conhecimento, que é a formação educacional e a transmissão de valores”, diz Franco.
Além das medidas preventivas, a punição dos agressores não pode ser esquecida, na avaliação do procurador. Um dos pontos de acordos firmados pelo MPF com faculdades onde há casos de trotes abusivos é que sejam adotadas medidas administrativas contra os estudantes que humilharam ou agrediram os colegas em trotes, chegando até a expulsão.
A faculdade deve, ao final de cada semestre, reunir os veteranos e explicar quais medidas eles podem sofrer se aplicarem trote nos calouros que estão entrando. E, no ato da matrícula, reunir os calouros e dizer que eles não são obrigados a se submeter a trote nenhum, e criar um canal para que ele possa comunicar isso”, destaca o procurador.
Edição: Juliana Andrade
Agência Brasil

domingo, 30 de outubro de 2011

Artigo Lei de responsabilidade educacional? Por Luiz Carlos de Freitas 10/10/2011

Nada parece mais razoável do que ter uma lei que responsabilize gestores pelo não cumprimento do desenvolvimento da educação de um povo. A educação é um direito e um bem público, deve ser organizada pelo Estado e, portanto, quem não o faz prejudica gerações inteiras e deve pagar por isso. De certa forma, está 400 anos atrasada. As camadas populares foram, historicamente, as mais prejudicadas nesse processo, quando o desenvolvimento econômico não necessitava de um nível de qualidade educacional maior. Agora, que se impõe o acesso à educação básica como forma de aumentar a produtividade e o consumo, os empresários e seus reformadores educacionais não saem da mídia argumentando a favor da qualidade da educação. Mas qual qualidade?
Ninguém discorda da ideia de que o poder público tenha que se responsabilizar pela educação. É um direito. Mas a maneira de se “garantir” esse direito concedido historicamente a conta-gotas e suas consequências precisam ser devidamente consideradas. Não são poucos os relatos indicando que as atuais reformas educacionais empresariais em aplicação pelo mundo tenham gerado mais segregação e desigualdade acadêmica do que a “cantada” equidade (Ravitch, 2010). Se, honestamente, o que se quer é garantir o direito à educação, tais evidências não podem ser desconsideradas.
A qualquer crítica de suas teses de responsabilização, os reformadores empresariais da educação reagem contrapondo a ela a desresponsabilização, a qual seria defendida por aqueles que não querem sua solução. Não é o caso. A questão é que por trás desta simples dicotomia existem outros problemas que estão encobertos.
A ideia de responsabilizar os gestores educacionais pela qualidade da educação vem de longa data, mas no Brasil, em termos legais, começa a ganhar forma nesta década. Vários projetos de lei foram produzidos e se encontram em tramitação no Congresso Nacional tentando criar a base legal para a responsabilização. Recentemente, foram reunidos em um só e, atualmente, o projeto carro-chefe ao qual se encontram apensadas a maioria das iniciativas é o PL 7420/2006 de autoria da deputada Raquel Teixeira, do PSDB.
Pela informação existente no sistema de controle de projetos da Câmara dos Deputados, vê-se que a questão se encontra em mãos de uma Comissão Especial e tramita neste momento paralelamente a outra lei, a do Plano Nacional de Educação.

Não temos um texto público da lei de responsabilidade educacional que possa ser tomado como pauta para exame, pois a Comissão Especial encontra-se em constituição. O texto original do PL 7420, de 2006, certamente será profundamente alterado, portanto, não serve de base. Mas já há na presente versão posicionamentos que propõem a responsabilização como um processo que envolve a fiscalização da obtenção de metas de progressão acadêmica pela escola, medidas a partir de testes padronizados. Ou seja, não é apenas o gestor ou a destinação e aplicação de recursos que está em jogo, mas o cumprimento de certas metas de aprendizagem que não dependem, apenas da disponibilidade ou não de dinheiro.

A ideia de que a qualidade da educação possa ser controlada por uma lei já indica certa inclinação para o mote da “qualidade por decreto”. Pode-se responsabilizar os gestores pela gerência de recursos e condições adequadas à implementação da qualidade, mas a lei dificilmente vai parar por aí.

O exemplo mais próximo é a lei de responsabilidade educacional americana conhecida como "No child left behind" ("Nenhuma criança deixada para trás"). Essa lei fixou o ano de 2014 como referência para que todas as crianças americanas de todas as escolas fossem proficientes em leitura e matemática. Tarefa impossível em 2001, quando foi aprovada por unanimidade por democratas e republicanos, foi oficialmente declarada impossível no começo deste ano quando Arne Duncan, secretário da Educação dos Estados Unidos, declarou que 80% das escolas não terão condições de cumprir tal meta.

Mas não é tudo. A lei americana, ao responsabilizar os gestores pela qualidade da educação a partir de metas medidas em testes, abriu as portas aos processos de privatização da educação americana, além de ir bater no andar de baixo – os professores e alunos. Os gestores transferiram a responsabilização para a ponta. O sistema está congestionado de múltiplas avaliações (até na educação infantil) e os professores são permanentemente expostos, juntamente com as escolas, à execração pública em ranqueamentos sucessivos. Até mesmo seus salários, contrariando a elite séria de estatísticos americanos, estão sendo calculados com base no desempenho dos alunos, em testes padronizados para definir bônus, erodindo salários adequados. A conta está sendo paga pelos professores e pelos alunos. Essa situação levou à destruição do sistema público de educação norte-americano (Ravitch, 2010).

A despeito de termos nomes respeitáveis na presente Comissão Especial que examinará a matéria, poderá haver uma inclinação – inclusive pela tradição autoritária brasileira de resolver tudo pela lei – a reproduzir a situação dos Estados Unidos.

No caso da lei norte-americana, as escolas que não demonstravam estar ano a ano avançando em sua qualidade, estavam sujeitas a sanções que incluíam até mesmo o seu fechamento e conversão em escolas privatizadas por administração de contratos de gestão (escolas charters) via ONGs e fundações privadas. Sabe-se, hoje, que tais escolas, em seu conjunto, não são melhores do que as públicas nos Estados Unidos, mas o processo de destruição já está feito (Credo, 2009; 2010).

Os chamados reformadores empresariais da educação, defensores das teses da responsabilização, meritocracia e privatização, vão pressionar para que a lei de responsabilidade educacional brasileira crie as bases para a privatização do sistema educacional no Brasil, fortalecendo a ideia de pagamento por mérito.

Podem fazer isso diretamente nesta lei, ou caso haja muita dificuldade, criando as bases para que os estados da federação, posteriormente, possam praticar a privatização e a meritocracia, criando legislação própria, facilitada e ancorada na lei de responsabilidade educacional federal. Some-se a isso o fato de que o governo Dilma tem dado indicações de que aceita recorrer à iniciativa privada quando se trata de resolver problemas vultosos – contrariando suas teses de campanha eleitoral.

Para evitarmos o calvário do sistema público educacional norte-americano pós “No child left behind”, uma lei brasileira de responsabilização deveria ser exclusivamente voltada para a questão do gerenciamento dos recursos e condições de trabalho. Metas acadêmicas não deveriam ser assunto de lei. É tão absurdo quanto se ter uma lei de “responsabilidade criminal” que fixasse metas anuais para redução de criminalidade nas delegacias de polícia.

Embora saiba-se, como já mencionado, que o texto atual da lei de responsabilidade educacional – originalmente apresentado no PL 7420/2006 – será modificado na Comissão Especial que está em constituição na Câmara, ele já prevê o controle de metas acadêmicas. Diz:

“A cada avaliação nacional realizada, as médias de resultados observadas em cada unidade da federação deverão ser superiores às verificadas na avaliação anterior, devendo para tanto ser desenvolvidas ações específicas, com a necessária alocação de recursos financeiros em volume compatível com os esforços a serem empreendidos em cada sistema e rede pública de ensino.”

Essa redação, apesar de não associar consequências explícitas do ponto de vista do não alcance das metas, deixa aberta a porta para que os estados da federação assim o façam em legislações específicas.

Na lei norte-americana, por exemplo, as escolas são acompanhadas através de um plano anual de progresso da escola em cada estado, o qual implementa as consequências para o sucesso ou fracasso do plano. Em vigência desde 2001, a lei não melhorou o desempenho dos alunos norte-americanos nos testes nacionais (NAEP) e nem nos internacionais (Pisa). Os Estados Unidos, antes desta lei, estavam na média do Pisa e, dez anos depois dela, continuam na média do Pisa. Portanto, ter chegado à média do Pisa, não foi produto da lei de responsabilidade educacional norte-americana (Ravitch, 2010).

Temos, no momento, pelo menos duas concepções de responsabilização em pauta. Uma é voltada para a responsabilização de cima para baixo, baseada em leis que regulam não só idoneidade das relações financeiras, mas que incluem o controle de metas nas escolas. A atual lei de responsabilidade educacional brasileira, para alguns, poderá ter a função de criar as condições para que os estados possam produzir legislação específica que fiscalize a obtenção de metas pelas escolas e permita sua associação a consequências (bônus ou demissão, privatização etc.).

A outra concepção está baseada em uma responsabilização participativa e democrática, ancorada no envolvimento de todos os responsáveis pela questão educativa na escola e nos sistemas educacionais. Para esta visão, a lei de responsabilidade educacional não deveria tratar do controle de metas acadêmicas.

A primeira formulação de responsabilização é uma transferência de responsabilidade para a escola, associada a premiações ou punições. Muito conveniente para os governos em todos os níveis. A segunda propõe uma responsabilização que exija de cada ator do sistema educacional sua parcela de responsabilidade, em um processo de negociação bilateral em que a escola, protagonista do processo, tem suas responsabilidades delimitadas, assim como também os responsáveis pela administração do sistema – em especial, na questão da criação das condições adequadas de funcionamento do sistema educacional – carreira, salários, infraestrutura, capacidade administrativa, etc. Nesse caso, o indicador de sucesso não é apenas o desempenho do aluno em um teste padronizado. Este é apenas um dos componentes da avaliação do desempenho da escola e, além disso, há indicadores para os gestores cumprirem também (carreira, tamanho de turma, piso salarial, recursos, infraestrutura, custo-aluno etc.).

Não será apenas uma lei de responsabilidade educacional, entretanto, que poderá alterar positivamente o interior da escola, passando a produzir o sucesso educacional das crianças. É reconhecido que mais de 60% dos fatores que causam o fracasso escolar está fora da escola. Só uma construção coletiva, no interior das escolas, amparada pela ação dos sistemas naquilo que lhes compete poderá implementar metas acadêmicas superiores. O controle externo sem essa legitimação política interna na escola somente produzirá competição, fraudes e destruição das relações internas da escola. A miséria é o maior inimigo do sucesso educacional. Lutar contra ela supõe uma articulação entre esferas do poder público e não apenas uma “solução educacional”.

Os educadores deveriam estar tão preocupados com a lei de responsabilidade educacional em tramitação na Câmara, como estão com o Plano Nacional de Educação (PNE) que corre paralelo. Infelizmente, não é assim. Todas as atenções estão concentradas no PNE, enquanto a lei de responsabilidade corre solta.

Luiz Carlos de Freitas é docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) http://avaliacaoeducacional.zip.net

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sábado, 5 de novembro, acontecerá o segundo encontro do Café com Cinema com a exibição de Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera





No sábado, 5 de novembro, acontecerá a partir das 18:30 no Auditório da PotyLivros do Praia Shopping, em Natal, o segundo encontro do projeto cultural CAFÉ COM CINEMA, idealizado e coordenado pelo pesquisador, educador e promotor cultural independente Antonino Condorelli.

A proposta do Café com Cinema é promover o encontro entre pessoas para partilhar emoções e reflexões a partir de obras-primas da Sétima Arte. Os encontros propiciam diálogos livres e abertos a todos sobre as mais diversas temáticas a partir de filmes de autor, exibidos antes de cada discussão, estimulando a troca de experiências, idéias, sensações e intuições. Todos os encontros têm entrada franca e dão direito a café expresso gratuito e ao sorteio de um livro, cortesias da PotyLivros que é co-promotora da iniciativa.

No encontro de sábado, 5 de novembro, será exibido o longa-metragem sul-coreano Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera (Bom Yeoreum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom, 2003), dirigido por Kim Ki-duk.

Com uma esplêndida fotografia e uma linguagem profundamente poética, o filme é ambientado em um tempo flutuante no coração de um lago e conta a história de um jovem que vive sob os ensinamentos de um velho monge budista. Cada estação do ano representa um estágio da existência e do aprendizado do jovem, que após a chegada de uma garota pela qual se apaixona acaba de desviando dos conselhos do mestre.

Após a exibição do filme, será aberta uma discussão livre a partir das sugestões de reflexão despertadas pela obra nos presentes.

Devido ao estrondoso sucesso do primeiro encontro do Café com Cinema, em que o auditório da PotyLivros ficou pequeno diante da quantidade de pessoas que foram assistir a sessão, a partir do segundo encontro haverá um sistema de reservas de lugar. A partir do dia 3 de novembroestarão disponíveis no balcão da PotyLivros fichas de reserva que garantirão uma cadeira no encontro de sábado, dia 5. Serão disponibilizadas 40 fichas, o número máximo de cadeiras que cabem no auditório. As reservas serão válidas somente até as 18:30 do dia do encontro. Havendo desistências ou atrasos de parte de quem reservou, as vagas serão transferidas imediatamente a quem estiver sem ficha e tiver chegado na hora.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A riqueza da nossa cultura na arte de Jessier Quirino...


A Taba da Sarvação
Meu cumpade, o que eu escuto
Derna de pequininim
É que o Brasil brasileiro
Pra sair dos atoleiro
Tá faltando tanto assim.
Tá faltando tanto assim
E nós tudo se afogando
Os doutor de vez em quando
Corruto, dos bigodão
Corre pra televisão
Beija os pobre, dá risada
E anuncia a chegada
Da Taba da Sarvação.
E grita os povo na rua:
– Foi o fim dos militar!
Já podemo festejar
O fim da submissão!!!
É bandeira dos partido
Correndo de mão em mão:
– Bem que aquele home disse
Que a gente se assubisse
Na Taba da Sarvação!
Com pouco mais tá de novo
O povo desmiolado
Satisfeito isprivitado
Folgado nas alegria:
– Foi um tá de Anistia
Que sortou-se da prisão!
Vi dizer que o home é quente
E agora chegou pra gente
A Taba da Sarvação!!!
Mas nem demora de novo
Os povo torna a gritar
Um tá de “Direta Já”
E “Agora o Brasil Mudou”
“Já temo os Doutor
Nos destino da nação!
Vamo acabar com as greve
Que agora é Tancredo Neve
A Taba da Sarvação!”

Os povo batero in riba
Correram atrás dos bombeiro
Fizeram um tá choradeiro
Pra mode ver um caixão
Eu não sei pro que razão
Depois de tanto mistério
Levaram pro cemitério
A Taba da Sarvação.
Mas pelas força de Ulysses
Teve a Constituição
E a Taba da Sarvação
Voltava em forma de Lei.
Não sei pra que tanta Lei
Mas os povo acreditaram
Que aqueles papé letrado
Dava toda solução.
E dizia: “Meu cumpade,
Esses papé, na verdade,
É a Taba da Sarvação!”
Pra resumir a questão
Foram vindo os presidente
E os povo besta e contente
Confiaram nos gangão
Se não tivesse os dedão
Dos vivaldino de sempre
Nós até seria crente
Na Taba das Sarvação.
Agora mando um recado
Pros dotorzão federá
Arranjar outras mentira
Pra mode nos enganar
Pois as lorotas de sempre
Tamo canso de escutar:
–Vamo acabar cu`s bandido
Vamo acabar cu`s babão
Vamo acudir as escola
Reformar as eleição
Menos abocanhamento
Menos ônibus ferrugento
Mais trabalho pros cristão…
Fim das esculhambação!
Credo-cruz, Ave-Maria!!
Isso quase todo dia
Enche o saco, meu patrão
Já que a gente não tem vez
Empurre no de vocês
A Taba da Sarvação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

INSCRIÇÕES PARA O PRÊMIO ODM BRASIL



A Secretaria-Geral da Presidência da República, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade informam que as inscrições para a 4ª Edição do Prêmio ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil encerram-se dia 31 de outubro de 2011.

Se a sua organização social ou prefeitura realiza projetos que contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, então chegou a hora de inscrevê-los na página www.odmbrasil.org.br e concorrer ao Prêmio ODM Brasil. Você pode inscrever projetos que atendam a um ou mais Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

O Prêmio ODM Brasil foi criado em 2004, para incentivar e reconhecer projetos desenvolvidos por organizações da sociedade civil e por prefeituras que contribuam para que o Brasil alcance as Metas do Milênio.

As práticas inscritas são avaliadas e selecionadas por técnicos e especialistas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da ENAP (Escola Nacional de Administração Pública).

Serão selecionadas as melhores iniciativas que atendam aos critérios de contribuir para o alcance dos ODM, de gerar impacto no público beneficiado, de incluir a participação da comunidade, de atuar com parcerias, de ser replicável em outros locais e de articular com políticas públicas.

Relembrando: o período de inscrição vai até o dia 31 de outubro/2011. Não deixe para a última hora. Sua participação pode fazer a diferença e ajudar ao Brasil e ao mundo a cumprir as metas do milênio.

Secretaria Executiva do Prêmio ODM Brasil

sábado, 15 de outubro de 2011

VII Colóquio Internacional Marx Engels


Data: 24 a 27 de julho de 2012.
Local: IFCH - UNICAMP - Campinas/SP
Inscrições de trabalho: de 10 de outubro de 2011 a 01 fevereiro de 2012.

DATAS IMPORTANTES
http://www.ifch.unicamp.br/cemarx/datas_coloquio.html

De 10 outubro de 2011 a 01 fevereiro de 2012Período para inscrições de comunicação, pôster e mesa redonda
Março de 2012Divulgação dos trabalhos selecionados
15 de maio de 2012Prazo para pagamento, via boleto bancário, das propostas aceitas de comunicação, mesa redonda e pôster





INFORMAÇÕES GERAIS PARA PARTICIPAÇÃO
http://www.ifch.unicamp.br/cemarx/informacoes_coloquio.html

O Colóquio Internacional Marx e Engels acolhe, fundamentalmente, dois tipos de comunicações: as que tomam a teoria marxista como objeto de pesquisa, seja para analisar essa teoria, criticá-la ou desenvolvê-la, e as que utilizam o aparato conceitual do marxismo em pesquisas empíricas ou teóricas que se enquadrem nos Grupos Temáticos do evento.

Ao realizar a inscrição, o(a) pesquisador(a) interessado(a) em participar deverá indicar um Grupo Temático. Eventualmente, a Comissão Organizadora do VII Colóquio Internacional Marx Engels poderá remanejar a distribuição da proposta de um grupo para outro.

Os Grupos Temáticos do VII Colóquio são os seguintes:
GT 1 - A obra teórica de Marx
Exame crítico das obras de Marx e de Engels. As polêmicas suscitadas pela obra teórica de Marx e Engels.

GT 2 - Os marxismos
Exame crítico das obras dos clássicos do marxismo dos séculos XIX e XX. As correntes do pensamento marxista e suas transformações. A obra teórica dos marxistas brasileiros e demais latino-americanos. A questão da renovação e atualização do marxismo.

GT 3 - Marxismo e ciências humanas
Exame da presença do marxismo na economia, na sociologia, na ciência política, na antropologia, na história, na área de relações internacionais, na geografia, no serviço social e no direito. Exame da crítica marxista das ciências humanas e das contribuições das ciências humanas para o desenvolvimento do marxismo. Polêmicas teóricas e desenvolvimentos conceituais do marxismo nessas áreas de conhecimento. A presença do marxismo na universidade brasileira e demais universidades latino-americanas.

GT 4 - Economia e política no capitalismo contemporâneo
Enfoque marxista das transformações econômicas, políticas e sociais do capitalismo no final do século XX e início do século XXI. Novos padrões de acumulação de capital, nova fase do imperialismo, transformações do Estado e da democracia capitalista. A situação dos países dominantes e dos países dependentes. Brasil e América Latina.

GT 5 - Relações de classe no capitalismo contemporâneo
Enfoque marxista das transformações ocorridas na estrutura de classes. Trabalhadores, classe operária, ¿nova classe operária¿ e ¿classe média¿. A pequena burguesia. O campesinato no capitalismo atual. O debate sobre o declínio da polarização de classes no final do século XX e início do século XXI. As classes trabalhadoras e os movimentos sociais e populares. A nova configuração da burguesia. As classes sociais no Brasil e na América Latina. O conceito marxista de classe social e de luta de classes face ao capitalismo contemporâneo.

GT 6 - Trabalho e produção no capitalismo contemporâneo
Teoria social, trabalho e produção. As concepções teóricas sobre o universo produtivo. Processos de produção: processo de valorização e processo de trabalho. Controle e gestão do processo de trabalho. Luta de classes na produção. Precarização das condições de trabalho e emprego e requalificação da força de trabalho. Teorias sobre a afirmação e recusa da centralidade do trabalho. As novas formas de exploração do trabalho: trabalho imaterial, trabalho informal, precário e informacional.

GT 7 - Educação, capitalismo e socialismo
As relações do sistema educacional com o capitalismo da perspectiva marxista: formação da força de trabalho; educação e classes sociais; ideologia e processo educacional; política educacional. Análise marxista da educação no Brasil e na América Latina. Os aparelhos culturais do capitalismo (universidades, centros de pesquisa). Os centros culturais criados pelo movimento socialista. Análise das experiências educacionais realizadas nas sociedades surgidas das revoluções socialistas do século XX. A teoria marxista e a educação.

GT 8 - Cultura, capitalismo e socialismo
Capitalismo e produção cultural: as novas tendências; as artes plásticas, a literatura e a indústria cultural. Análise marxista da cultura no Brasil e na América Latina. Cultura e socialismo: os movimentos culturais nas sociedades surgidas das revoluções do século XX. O marxismo e a produção cultural.

GT 9 - Socialismo no século XXI
Análise marxista das revoluções do século XX. A herança comunista e socialista dos séculos XIX e XX e o socialismo do século XXI. Marxismo e socialismo. A questão da renovação do socialismo. Teoria da transição ao socialismo. Trabalhadores e transição socialista. Trunfos e obstáculos para a reconstrução do movimento socialista no século XXI.


MODALIDADES PARA INSCRIÇÃO DE TRABALHOS
 
1. Comunicações
O texto da Comunicação deverá conter entre quinze e vinte e quatro mil caracteres (contando espaço e notas), perfazendo um máximo de dez páginas, em times new roman 12. As propostas de trabalho que ultrapassarem esse limite não serão consideradas. Do texto, deverão constar: nome do evento, o título do trabalho, o nome do(s) autor(es) e a sua(s) condição(ões) (professor, pós-graduando ou pesquisador independente), GT a que se destina. O texto do trabalho deve definir claramente o tema que será examinado, a metodologia utilizada na pesquisa e apresentar as suas teses e argumentos e explicitar o debate (teórico, historiográfico ou político) no qual o trabalho se insere. Importante! Os textos devem seguir as normas de citação (clique no link). Custo da inscrição: R$ 40,00

2. Mesas redondas
Uma Mesa redonda é composta de um conjunto de ao menos quatro comunicações inscritas no âmbito de um GT. Um número reduzido de mesas redondas será aceito, privilegiando nesta modalidade de inscrição propostas encaminhadas por grupos, núcleos ou centros de pesquisa, bem como associações científicas e culturais. As comunicações dos participantes da Mesa, formatadas de acordo com o item anterior, deverão ser enviadas conjuntamente, acompanhadas de uma breve justificativa da mesa. Cabe à instituição proponente obter os recursos necessários à participação dos componentes da Mesa. Custo da inscrição (por componente da Mesa): R$ 40,00

3. Pôsteres
O VII Colóquio Internacional Marx Engels está aberto à participação de estudantes de graduação, que poderão apresentar trabalhos de pesquisa de iniciação científica ou de conclusão de curso cujos temas se enquadrem em um dos Grupos Temáticos do colóquio. O resumo do trabalho deverá conter de três a cinco mil caracteres (contando espaço e notas) em times new roman 12. Do texto deverão constar o título do trabalho, o nome do autor e o curso de graduação no qual ele está matriculado. O texto deve apresentar o tema da pesquisa e as suas principais idéias e informações. Veja aqui as instruções para confecção do pôster. Custo da inscrição: R$ 20,00


DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

As inscrições encerram-se no dia 01 de fevereiro de 2012. Os trabalhos aceitos serão divulgados na página do Cemarx, conforme o cronograma abaixo:

Março de 2012: comunicações e pôsteres
Março de 2012: mesas redondas

Os resultados serão divulgados ao menos três meses antes do início do evento para que todos tenham tempo de solicitar financiamento às agências de fomento e universidades, uma vez que o Cemarx não pode financiar os participantes do evento.

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids lança site oficial


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A Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids
 vai ampliar suas ações na internet para divulgar informações sobre
 o protagonismo juvenil na luta contra a aids e atrair novos 
integrantes.
O primeiro passo nesse sentido foi a criação do site oficial da RNAJVHA,
 que foi lançado na semana passada, em Curitiba (PR), durante o
 I Seminário Ações Pela Vida. 
A ideia éampliar a divulgação também nas redes sociais, 
como o Facebook e Twitter.

Para o coordenador nacional da RNAJVHA, José Rayan, o site vai ser uma 
ferramenta importante na troca de informações entre os adolescentes e 
jovens com HIV/Aids que vivem no anonimato. "Ao descobrir a sorologia, 
muitos deles passam algum tempo sem saber que a nossa rede existe e 
que pode ajudá-los. Com o site vamos poder chegar mais rápido a esses 
jovens", afirma.

A Rede já contava com um blog e agora pretende utilizar novas ferramentas 
digitais para a inclusão de jovens com HIV/Aids. "Essas novas tecnologias 
vão nos ajudar a debater nossas propostas e interagir com os 
jovens e adolescentes de todo o país, mesmo quando não estivermos 
participando de eventos", afirmaJoão Geraldo Netto, coordenador do
 blog da RNAJVHA.

O jovem Carlos Henrique Andrade Rebello participou do lançamento do 
site e avaliou como positiva a iniciativa. "Ter um espaço para poder 
desabafar faz muito bem a gente, vai ser bacana também saber 
das novidades sobre medicamentos, direitos e políticas", comemora.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

VAGAS EM PROJETOS DA UNESCO NO BRASIL

Vagas em Projetos da UNESCO no Brasil
Os processos seletivos dos projetos são conduzidos diretamente pela coordenação executiva de cada projeto, cabendo à UNESCO do Brasil o acompanhamento e monitoriamento dos processos de contratação. As candidaturas deverão ser encaminhadas para o endereço indicado em cada anúncio, obedecendo os prazos determinados em cada edital.
 
Projeto 570BRZ3002 Edital 09/2011
Vagas Disponíveis: Profissional com formação em pedagogia e experiência em desenvolvimento participativo de projetos educacionais em escolas públicas; Profissional com mestrado em desenvolvimento social e territorial, com experiência em desenvolvimento participativo de projetos educacionais em escolas públicas 
Responsável Técnico pela Seleção: UNESCO
Data limite para entrega do currículo: Outubro 15, 2011
PROJETO 914BRZ4012 -  Edital 06/2011 
Vagas Disponíveis: nível superior em áreas diversas
Responsável Técnico pela Seleção: IPHAN
Data limite para entrega do currículo: Outubro 21, 2011
PROJETO 914BRZ4013 -  Edital 16/2011 
Vagas Disponíveis: graduação em ciências humanas, sociais ou exatas
Responsável Técnico pela Seleção: MINC
Data limite para entrega do currículo: Outubro 13, 2011
PROJETO 914BRA1109 -  Edital 06/2011 
Vagas Disponíveis: licenciatura ou graduação em ciências humanas, sociais ou da saúde, com doutorado em educação
Responsável Técnico pela Seleção: MEC
Data limite para entrega do currículo: Outubro 11, 2011
PROJETO 914BRA3046 -  Edital 03/2011 
Vagas Disponíveis: graduação em qualquer área de formação
Responsável Técnico pela Seleção: SDH
Data limite para entrega do currículo: Outubro 14, 2011
PROJETO 914BRA3034 -  Edital 12/2011 
Vagas Disponíveis: graduação em qualquer área de formação. Mestrado em educação, ciências sociais, ciência política, economia, administração, serviço social ou relações internacionais
Responsável Técnico pela Seleção: SDH
Data limite para entrega do currículo: Outubro 10, 2011 

domingo, 9 de outubro de 2011

SÁBADO, 15 DE OUTUBRO, ESTRÉIA O PROJETO CULTURAL “CAFÉ COM CINEMA” NA POTYLIVROS DO PRAIA SHOPPING


No próximo sábado, 15 de outubro, estréia às 18:30 no Auditório da PotyLivros do Praia Shopping, em Natal, o CAFÉ COM CINEMA, novo projeto do jornalista, pesquisador, educador e promotor cultural independente Antonino Condorelli, que já coordena há mais de dois anos o conhecido Diálogos Criativos.

A proposta do Café com Cinema é promover diálogos livres e abertos a todos sobre as mais diversas temáticas – filosóficas, artísticas, científicas, sociais, políticas, ecológicas, psicológicas, educacionais, espirituais, etc. – a partir de obras cinematográficas, a maioria de difícil acesso para o público natalense, que serão exibidas antes de cada discussão.

Os encontros, com entrada franca, acontecerão entre uma e duas vezes por mês, aos sábados. Todos os participantes terão direito a um café expresso de cortesia oferecido pela PotyLivros, parceria do projeto, e no final de cada encontro será sorteado um livro entre os participantes, também cortesia da livraria.

O primeiro ciclo de encontros, em outubro e novembro deste ano, abordará a relação entre homem e natureza a partir de pistas, sugestões e estímulos para a reflexão e a discussão oferecidos por três filmes. Veja abaixo a programação:

• Sábado, 15 de outubro – 18:30
NA NATUREZA SELVAGEM (Into the Wild) – Estados Unidos, 2007
Direção: Sean Penn

• Sábado, 05 de novembro – 18:30
PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO... E PRIMAVERA (Bom Yeoreum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom) – Coréia do Sul, 2003
Direção: Kim Ki-duk

• Sábado, 26 de novembro – 18:30
DERSU UZALA – Ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U. R. S. S.), 1975
Direção: Akira Kurosawa

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Câmara aprova Estatuto da Juventude


A Câmara aprovou no início da tarde desta quarta-feira (5) um substitutivo que cria o Estatuto da Juventude. A proposta define direitos específicos para jovens na faixa de 15 a 29 anos e estabelece diretrizes para o Poder Público criar e organizar políticas para essa idade. Entre os benefícios, estão a meia-entrada em eventos culturais e esportivos e a gratuidade no transporte público.
Para votar e aprovar a matéria, foram necessárias muitas conversas e discussões entre duas frentes parlamentares. Ao final, evangélicos e defensores da causa LGBT conseguiram chegar a um consenso sobre o texto final. A principal polêmica estava no artigo que previa a inclusão de temas relacionados à sexualidade nos currículos escolares. Para parlamentares ligados às igrejas, o texto deveria respeitar também “valores da sociedade”.
Após negociação com a bancada evangélica, a relatora do projeto, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), acrescentou a expressão “respeitando a diversidade de valores e crenças”. “Não vemos nenhum problema em ter aulas de educação sexual nas escolas”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, João Campos (PSDB-GO). Para ele, a atual forma contempla as reivindicações de cada movimento.
“Este é um dia histórico para a Câmara dos Deputados pela atuação de duas frentes parlamentares”, disse Manuela em plenário. A deputada afirmou ser a “primeira vez” que se chega a um acordo garantindo a liberdade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros e também a liberdade de credo. “Viramos uma página, a página da intolerância recíproca”, completou.
No entanto, quando seu relatório chegou ao plenário, uma nova polêmica ocorreu. Como a pauta está trancada por medidas provisórias, a proposta só poderia ser votada em sessão extraordinária. A sessão marcada para essa manhã tinha encerramento previsto para as 14h. “Se ela não for votada agora, ela não volta à pauta este ano”, ameaçou o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A matéria entrou na pauta de ontem, mas acabou adiada por falta de acordo.
A nova polêmica residia na seção que garante o direito à saúde integral ao jovem. Um dos incisos restringia a propaganda de bebidas com qualquer teor alcoólico para jovens. Na visão da relatora, a proibição da propaganda deve ficar restrita a uma legislação específica. Porém, para a bancada do PSDB, o Estatuto da Juventude já devia prever a proibição. Após um debate acalorado entre Manuela e Vanderlei Macris (PSDB-SP), um novo acordo ocorreu.
A redação do inciso foi modificada. No lugar da palavra “restrição” foi acrescentada a expressão “com apresentação de menores de 18 anos”. Ou seja, de acordo com o estatuto, publicidade voltada e produzida com adolescentes deve ser proibida. Para a relatora, porém, a medida ainda precisa ser regulamentada por lei federal. Na Câmara, uma comissão especial debate a proibição de propagandas de cerveja, nos moldes do que aconteceu com o cigarro.
Meia-entrada
A proposta prevê concessão de meia-entrada para jovens estudantes que tenham até 29 anos. Eles terão descontos em eventos culturais e esportivos. De acordo com Manuela, se o projeto passar no Senado sem modificações e for sancionado na íntegra, a medida valerá também para a Copa do Mundo de 2014. “Isso inclui estádios de futebol”, afirmou Manuela. Porém, a deputada disse que a Copa ocorre em dois meses, e que uma legislação específica – no caso, a Lei Geral da Copa – pode determinar ou não o uso da meia-entrada. “Eu sou a favor e o ministro Orlando Silva também”, disse, ao reafirmar que é favorável à meia-entrada no evento da Fifa.
Outra previsão no Estatuto é o transporte público gratuito para jovens que tenham até 29 anos e estejam estudando. Para receber o benefício, ele deve comprovar que está estudando, mas não precisa especificar qual trajeto vai fazer. O estudante pode, por exemplo, pegar ônibus para ir à biblioteca estudar ou para eventos culturais, por exemplo. Segundo a relatora, a educação é inclusiva e integral. Desta maneira, não pode ser limitado o acesso do jovem ao benefício.
As medidas que preveem benefícios ainda precisam, de acordo com a relatora, ser regulamentadas por leis municipais, estaduais ou federal. Da mesma maneira, caberá às prefeituras e governos estaduais estabelecerem a forma que a meia-entrada e o transporte público gratuito serão subsidiados.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Pochmann: Pobres que trabalham e estudam têm jornada maior que operários do século XIX

O economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), classificou ontem à noite em Curitiba como
“heróis” os brasileiros de famílias pobres capazes de conciliar o
trabalho com o estudo.

“No Brasil, dificilmente um filho de rico começa a trabalhar antes de
terminar a graduação ou, em alguns casos, até mesmo a pós-graduação”,
observou Pochmann.

“Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis.
Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho,
quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que
os operários no século XIX.”

O presidente do Ipea foi um dos palestrantes na abertura da terceira
edição do Seminário Sociologia & Política, ao lado da professora Celi
Scalon (UFRJ), no Teatro da Reitoria da UFPR. “Repensando
Desigualdades em Novos Contextos” é o tema geral do seminário.
Promovido pelos programas de pós-graduação em Sociologia e em Ciência
Política da instituição, o evento termina nesta quarta-feira (28).

Pochmann lembrou que o Brasil levou cem anos, desde a proclamação da
República, em 1889, para universalizar o acesso das crianças e
adolescentes ao ensino fundamental. “Mas esse acesso foi condicionado
ao não crescimento dos recursos da educação, que permaneceram em torno
de 4,1% ou 4,3% do PIB. Sem ampliar os recursos, aumentamos as vagas
com a queda da qualidade do ensino.”

Essa universalização do ensino fundamental, no entanto, não significa
que 100% dos brasileiros em idade escolar estejam estudando. Segundo
dados apresentados pelo dirigente do Ipea, ainda existem 400 mil
brasileiros com até 14 anos fora da escola. Se essa faixa etária for
estendida para 16 anos, a cifra salta para 3,8 milhões de pessoas.

“A cada dez brasileiros, um é analfabeto. E ainda temos cerca de 45%
analfabetos funcionais. É muito difícil fazer valer a democracia com
esse cenário.”

Em sua fala, Marcio Pochmann também abordou temas como a redução da
taxa de fecundidade das mulheres brasileiras, o crescimento da
população idosa, o monopólio das corporações privadas transnacionais e
a concentração da propriedade da terra.

“O Brasil não fez uma reforma agrária, não democratizou o acesso à
terra. Temos uma estrutura fundiária mais concentrada do que em 1920,
com o agravante de que parte dela está nas mãos de estrangeiros”,
afirmou o economista. “De um lado, 40 mil proprietários rurais são
donos de 50% da terra agriculturável do país, e elegem de 100 a 120
deputados federais. De outro, 14 milhões trabalhadores rurais, os
agricultores familiares, elegem apenas de seis a dez deputados.”

Para Marcio Pochmann, a desigualdade é um produto do
subdesenvolvimento. “Não que os países desenvolvidos não tenham
desigualdade, mas não de forma tão escandalosa.”

Nem revolucionário, nem reformista

Segundo o presidente do Ipea, a participação dos 10% mais ricos no
estoque da riqueza brasileira não mudou nos últimos três séculos.
Permanece estacionada na faixa percentual em torno de 70 a 75%.

“Somos um país de cultura autoritária, com 500 anos de história e
menos de 50 anos de vivência democrática. O Brasil não é um país
reformista e muito menos revolucionário”, sentencia Pochmann. “A baixa
tradição de uma cultura partidária capaz de construir convergências
nacionais nos subordina a interesses outros que não os da maioria da
população.”

Marcio Pochmann afirmou que os ricos não pagam impostos no Brasil.
“Quem tem carro, paga IPVA. Quem tem lancha, avião ou helicóptero, não
paga nada. E o ITR [Imposto Territorial Rural] é só pra inglês ver”,
exemplificou. “Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”

Um estudo do Ipea teria demonstrado que os moradores de favelas pagam
proporcionalmente mais IPTU do que os brasileiros que vivem em
mansões. “Quem menos paga é quem mais reclama de imposto. Tanto que
impostômetro foi feito no centro rico de São Paulo.”

Pochmann observa que o tema das desigualdes não gera manifestações,
não gera tensão. “Não há greve em relação às desigualdades.”

Trabalho imaterial

Na avaliação de Márcio Pochmann, a sociedade mundial está cada vez
mais assentada no que ele chama de “trabalho imaterial”, associado a
novas tecnologias de informação, como aparelhos celulares e
microcomputadores. “O trabalhador está cada vez mais levando trabalho
pra casa.”

Essa sociedade do trabalho imaterial, conforme o dirigente do Ipea,
pressupõe uma sociedade que tenha como principal ativo o conhecimento.
“Pressupõe o estudo durante a vida toda, e o ensino superior apenas
como piso.”

Pochmann criticou ainda a forma como a comunidade acadêmica tem
tratado o tema das desigualdades no país. “O tema tem sido apresentado
de forma muito descritiva e pouco de enfrentamento real e efetivo. Em
que medida a discussão está ligada a intervenções efetivas, a
políticas que possam de fato alterar a realidade como a conhecemos?”

Na avaliação dele, a fragmentação e a especialização das ciências
sociais aprofundariam o quadro de alienação sobre o problema das
desigualdades.

“As pesquisas não mudam a realidade. Quem muda a realidade é o homem.
Agora, as pesquisas, as teorias mudam o homem. Se mudarem o homem, ele
muda a realidade. Nada nos impede de fazer isso, a não ser o medo, o
medo de ousar.”
por Fernando César Oliveira, site da UFPR