segunda-feira, 15 de abril de 2019

COMO TRABALHAR A INTERAÇÃO SOCIAL NO TEA?


Muitas crianças e adultos autistas precisam de ajuda para aprender a agir em diferentes tipos de situações sociais. Eles podem até mesmo ter o desejo de interagir com os outros, mas podem não saber como agir, fazer amigos ou conviver em sociedade. Por isso, quem tem o Transtorno do Espectro do Autismo pode não se comunicar verbalmente ou ter dificuldades na comunicação não verbal (gestos e expressões faciais). Alguns também não têm interesse em realizar atividades com outras pessoas.
Para as pessoas neurotípicas as habilidades sociais, ou seja, as regras, os costumes e as ações que guiam nossas interações com outras pessoas e o mundo ao nosso redor, são tarefas simples e que se aprende rapidamente. Já o desenvolvimento de habilidades sociais para pessoas com autismo pode ser mais complexo e necessitar de profissionais e familiares para que elas possam aprender e conviver em sociedade. Lembrando que a criança com autismo necessitará de estímulos e ser ensinada a agir em situações que exigem a interação social.
Veja, a seguir, algumas características que as pessoas com TEA podem ter que envolvem a dificuldade de interação social:
– dificuldade em fazer contato visual com outras pessoas;
– não responde quando é chamado pelo nome;
– tem dificuldade para entender outras pessoas, como expressões faciais ou linguagem corporal;
– não estão cientes das convenções sociais ou comportamento social apropriado;
– são indiferentes ou não gostam de contato físico e afetivo;
– não gostam de compartilhar objetos como brinquedos;
– podem expressar as emoções em momentos inadequados, como rir na hora e no lugar errados.
– prefere atividades solitárias e não tentam fazer amigos.

O que pode ser feito para melhorar a interação social?
O primeiro passo é buscar ajuda especializada para entender melhor a situação e encontrar profissionais que possam indicar as melhores ações e atividades para cada pessoa com TEA. Ter uma orientação e acompanhamento é fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo. As crianças precisam enxergar a interação de uma forma positiva e não como algo estressante ou que cause ansiedade. Há algumas estratégias baseadas em pesquisas que podem ajudar nesse processo.
É importante praticar novas habilidades sociais com o autista em vários lugares e também com pessoas diferentes. Para isso, é necessário escolher o momento ideal. Evite tentar em situações estressantes ou que ele esteja distraído, por exemplo.
O diálogo é fundamental! Por isso, os pais e cuidadores devem expor as situações do dia a dia e incentivar as pessoas com TEA a buscar soluções. Ao passear, é recomendado tirar fotos dos momentos e depois conversar sobre aquela atividade, deixar que ele ou ela fale o que sentiu e fazer associações positivas ao sair de casa.
Outra dica é fazer imitações de expressões faciais (triste, feliz, assustado, bravo) e explicar o que cada uma significa. Se quiser, coloque a criança em frente ao espelho e peça para que ela faça imite e entenda as semelhanças e identifique o que quer dizer. A criança com TEA também deve ser incentivada a expressar seus sentimentos e descrever o que sente, quais foram os motivos para se sentir assim.
Estimule as pessoas mais próximas a falar com a pessoa com TEA. É importante incluir o autista nas conversas, falar com ele, perguntar como ele está (mesmo que ele não responda). Pois, é uma forma de ele perceber que as pessoas ao redor se importam e vão interagir com ele.
Os livros de histórias com desenhos e imagens podem ser um aliado nesse processo. Peça para a criança com TEA interpretar e explicar o que entendeu, se ele não responder verbalmente, complete as frases explicando e situando o que está acontecendo.
A criança com TEA precisa brincar também e aprender como funcionam as regras. Explore brincadeiras nas quais as crianças precisam esperar sua vez. Jogos com bola, amarelinha e jogo da memória são excelentes opções.
Os pais devem fazer com que as pessoas com TEA conheçam novos lugares, vejam pessoas, passem por experiências que coloquem o aprendizado das habilidades sociais na prática. Considere atividades que a criança goste e as que não tolera, pois ela deve ser respeitada nas suas limitações e dificuldades.
É muito importante acreditar que seu filho autista é capaz de aprender essas habilidades. Se você não acredita que há potencial para mudança, seus esforços para ensinar novas habilidades podem não ser eficazes. Estimular a pessoa com TEA a interagir socialmente e participar de brincadeiras ajuda a melhorar a autoestima, as habilidades cognitivas, a controlar as emoções e estimular a motivação. Por isso, não desista diante das dificuldades e procure ajuda sempre que for necessário.
 Por NeuroConecta

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Professor, coloque um pouco de preguiça no seu dia

Na era do “Faço, logo existo” não nos damos conta de que a hora do trabalho não acaba mais e não sabemos mais o que é descanso

Crédito: Getty Images
“São os ociosos que transformam o mundo, porque os outros não têm tempo algum”
Albert Camus (1913-1960)
 Essa frase é o ponto de partida de Oswaldo Giacoia Junior em defesa da preguiça, em um programa exibido no Café Filosófico da TV Cultura em 2015. Vamos imaginar, porém, que estamos em qualquer escola enunciando um louvor a esse pecado capital. Naturalmente, todos iriam nos censurar, repelir e reprovar por estarmos na era do “Faço, logo existo”.
Diante dessa conjuntura, enfrentamos desafios como a meta de trabalhar 18 horas diárias durante sete dias da semana. Diante de outros professores e demais colegas de trabalho, reiteramos o esforço para responder e-mails, atender aos pais, organizar atividades, cumprir a burocracia das escolas. Impomos a nós mesmos uma grande carga de estudo, pesquisa, metas. Yes, you can (Sim, você consegue - em tradução livre) tornou-se o slogan dos profissionais do século XXI. Em nome disso, sabotamos corriqueiramente as nossas horas de lazer e até mesmo de alimentação. A hora de trabalho não acaba nunca. Não se sabe mais o que é descanso –  há tempos, não se sabe mais o que é ócio. Não temos mais direito à preguiça. Na sociedade de desempenho, a preguiça se transformou em uma forma de resistência diante da aceleração desenfreada trazida pela Revolução Tecnológica.
Para pensar sobre isso, vamos refletir sobre a noção de tempo de duas décadas atrás. Eu comecei a minha carreira como professor em 1999. Não usava e-mail, nem celular. Não postava conteúdos na internet, não usava Powerpoint. Eram apenas papel e lousa. A tecnologia chegou com aquela ideia da praticidade e elevação do conhecimento. Com ela, nosso desenvolvimento da capacidade técnica é inegável. Também com ela, é inegável a dispersão maior dos alunos, a proliferação de terra planistas e, sobretudo, o aumento da carga de trabalho. Não por acaso, o filósofo Byung-Chul Han designa o nosso tempo como Sociedade do Desempenho que gera a Sociedade do Cansaço.
Nessa condição, a preguiça é um substantivo indesejado em qualquer ambiente, em qualquer idiossincrasia, em qualquer conversa cujos parâmetros são pautados na produtividade. Entretanto, quem nunca se perguntou: “Para quê tanto trabalho?” ou “Sou apenas o que produzo?”. Essas perguntas feitas em primeira pessoa perpassam por mim, como psicanalista recém-formado e alguém que vive a sala de aula, ouvindo as queixas dos meus pares e também de meus alunos. Não posso dizer que no ano de 1999 era igual. Sem dúvida, havia outras insatisfações, mas as utopias em nome do avanço tecnológico tornaram-se distopias. Cada vez mais a pós-modernidade trouxe o nivelamento do indivíduo ao da máquina. De 1999 a 2019, a percepção do tempo mudou. O tempo do relógio continua o mesmo, mas a nossa vida está a cada dia mais acelerada.
Essa percepção do tempo não é banal. “Aceleração” tanto se refere a algo dentro de nós (“estou acelerado”), quanto a algo fora de nós (“a aceleração da tecnologia”). Poucos percebem que a noção de tempo não pode se banalizar com clichês como “Tempo é dinheiro”. Sobre isso disse Antonio Candido: “Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido da nossa vida, é esse minuto que está passando. Daqui a 10 minutos eu estou mais velho, daqui a 20 minutos eu estou mais próximo da morte. Portanto, eu tenho direito a esse tempo. Esse tempo pertence a meus afetos”. Essas palavras de Antonio Candido denunciam a monstruosidade que praticamos contra nossa individualidade nessa era tecnológica. Logo, o tédio pode ser, sim, uma forma de resistência, um tédio falaz, conciliador do eu consigo mesmo. Temos que resistir ao Yes, you can. O vazio e o nada são elementos que nos ajudarão a criar a experiência que falta da própria individualidade.
Jorge Larrosa diz: “A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca”. Na vivência da sociedade do desempenho, muitas coisas se passam, mas pouco ou quase nada nos acontece. Nessa era tecnológica, produzimos cada vez mais – entretanto, a experiência é cada vez mais rara. Isso se dá pelo excesso de estímulos ligados às redes sociais. Esse excesso não é experiência, pois tem como característica a volubilidade perene.
Para tentar explicar essa falta da experiência, é possível analisar o que é psiquismo, segundo Maria Rita Kehl em o Tempo e o Cão. Psiquismo é uma instância temporal, é o trabalho de tentar representar um objeto faltante sobre um vazio. Nesta era da aceleração, não há vazios ou ao menos não percebemos mais os vazios. Com o excesso de tarefas, de informações e de estímulos, nós nos tornamos seres fragmentados da nossa própria subjetividade. Falta-nos a contemplação diante de nossos afetos. Falta-nos repouso, falta-nos ócio, falta-nos a valorização de nós mesmos.
A experiência é a consciência sobre o tempo vivido, projetado pelo indivíduo. Temos que perceber que o tempo não flui homogeneamente. Há a noite tranquila do bebê, a noite breve e intranquila do professor, a noite infindável dos ansiosos e, agora, a noite não dormida da sociedade do desempenho. É inquestionável que os nossos ritmos temporais foram subjugados pela tecnologia, tentando nos transformar em máquinas. É o tempo sem tempo, que subjuga a amizade, o lazer, o religioso, o sonho.
E o sonho é, por vezes, a própria experiência. Precisamos dormir para sonhar. Em um de seus textos, o Menino que Escrevia Versos, Mia Couto narra uma linda conversa entre o menino e o médico:
“—Dói-me a vida, doutor. (...)
— E o que fazes quando te assaltam essas dores?
— O que melhor sei fazer, excelência.
— E o que é?
— É sonhar.
 Esse pequeno trecho do autor moçambicano pode representar dois aspectos muito relevantes e sintomáticos da sociedade contemporânea: a dor e o sonho. A dor faz parte da vida e de qualquer atividade profissional; o sonho só vem quando o enxergamos com um pouco de tempo para nós, com um pouco de tédio, com “nãos” e com a boa e leve preguiça. Assim transformamos o mundo.
Por Francisco Gonçalves Lima/Nova Escola

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Inscrições abertas para audição de novos cantores (tenor e contralto)

http://pratico.rn.gov.br/expressoMail1_2/inc/get_archive.php?msgFolder=INBOX&msgNumber=9238&indexPart=0.1&image=true

O grupo Poetas Líricos está com inscrições abertas para audição de novos cantores (tenor e contralto) até o dia 15/04 através do link: https://bit.ly/2D1Fh9l.
A audição será realizada no dia 16/04, às 19h na sala 13 (CIART) da Escola de Música da UFRN. Os cantores serão atendidos por ordem de chegada.
Podem se inscrever alunos da UFRN e pessoas da comunidade externa, desde que o participante tenha idade igual ou superior a 18 anos.
 
Sobre os Poetas Líricos:
 
O grupo cria sua identidade a partir da ideia e raiz de seu nome; a poesia e o lirismo na música. Desta forma, a principal característica do grupo é definida pela forma de mostrar a música, unindo elementos cênicos e citações de fontes literárias. No estilo dos trovadores, a intenção é cativar o público suscitando mais sensibilidade que raciocínio. Para tanto, o grupo não possui vínculo com época ou gênero musicais. Os Poetas Líricos pretendem trabalhar com temas envolvendo a música como foco narrativo principal, associada a imagens, poesias, citações e expressões cênicas. Em outras palavras, falar música, expressar ideias e sentir poesia e lirismo.
 
Criado em 2008 por Edson Bruno Araújo, Agamenon Morais e Pollyanna Guimarães, atual coordenadora, o grupo sempre teve e tem a regência de Edson Bruno Araújo.
 
Para maiores informações, entrar em contato pelo e-mail: contatopoetasliricos@gmail.com
Por  e-Comunicação UFRN

5 curiosidades incríveis sobre relâmpagos

São mais de 70 milhões de relâmpagos por ano só no Brasil. Para alguns, isso causa um pânico imediato. Assustadora ou não, a descarga elétrica atmosférica é um fenômeno majestoso que impressiona o homem desde as civilizações primitivas até os dias modernos.
 
Apesar de a expressão dizer o contrário, os relâmpagos de fato caem mais de uma vez no mesmo lugar.

Relâmpago é uma descarga elétrica causada por um desequilíbrio de cargas elétricas entre as nuvens de tempestade e o solo, ou dentro das próprias nuvens. A maioria dos relâmpagos ocorre dentro das nuvens. Durante uma tempestade, a colisão entre partículas gelo dentro da nuvem gera separação de cargas elétricas. Estas cargas vão se acumulando em determinadas regiões da nuvem, fazendo-as parecer uma pilha (na maioria das vezes, cargas negativas ficam nos pontos mais baixos das nuvens de tempestade).
A medida que a nuvem se torna eletricamente carregada (devido a separação de cargas), um campo elétrico surge e sua magnitude aumenta ao passo que a separação de cargas continua dentro da nuvem. Para diminuir ou neutralizar este campo elétrico, a natureza produz uma descarga elétrica atmosférica (o relâmpago) que é responsável por levar as cargas negativas para locais com sinais contrários.

Os relâmpagos são responsáveis por importantes processos atmosféricos. Desde processos de microfísica de nuvem até na química da atmosfera. Evidências indicam, por exemplo, que os relâmpagos podem ter auxiliado na origem da vida na terra com a formação dos primeiros compostos denominados aminoácidos. Veja 5 curiosidades abaixo.

A temperatura em um relâmpago

O ar ao redor do canal da descarga elétrica atmosférica pode alcançar temperaturas por volta de 30.000ºC. Aproximadamente cinco vezes mais quente que a superfície do sol!

Relâmpagos por dia

Ocorrem mais de 3 milhões de relâmpagos por dia em todo o mundo - isso é cerca de 40 relâmpagos por segundo. Nem todos essas descargas elétricas atingem o solo, alguns acontecem entre ou dentro das nuvens.

A energia de um relâmpago

Um relâmpago médio pode liberar energia suficiente para manter uma lâmpada de 100 watts ligada por mais de três meses seguidos (cerca de 250 quilowatts-hora de energia).

O ar atmosférico

O ar entre as nuvens e a Terra “bloqueia” a descarga elétrica (também conhecido como rigidez dielétrica do ar) até que a magnitude do campo elétrico fique tão forte que um impulso elétrico chamado de “líder escalonado” seja lançado da nuvem.

O Elétron líder

O elétron líder (primeira carga a iniciar a trajetória da descarga elétrica) cai em “degraus” com cerca de 45 m cada, a uma velocidade aproximada de 220.000 km/h, até quase chegar ao chão. É quando uma carga elétrica chamada streamer sobe para encontrá-lo e completar o circuito.

Por  Davi Moura/Tempo.com

sábado, 6 de abril de 2019

Salman Khan defende o uso de tecnologias gratuitas para revolucionar a educação

O criador da Khan Academy lembra que, diante de tecnologias como inteligência artificial, grandes parcelas das sociedades precisam se preparar melhor
Salman Khan (Foto: Max Morse/Getty Images)
SALMAN KHAN, CRIADOR DA KHAN ACADEMY, LAMENTA QUE POUCOS SIGAM O CAMINHO DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL (FOTO: MAX MORSE/GETTY IMAGES)

A educação no Brasil pode ser melhorada com uso de tecnologia disponível, gratuita e de qualidade, de acordo com criador da Khan Academy, Salman Khan. O empreendedor e educador, mais conhecido como Sal, palestrou na Brazil Conference at MIT and Harvard, em Boston, nesta sexta-feira. A Khan Academy tem conteúdo acessível em 190 países e conta com a Fundação Lemann para traduzir os vídeos de inglês para português.
Em 2012, a Fundação Lemann criou uma parceria com a Khan Academy. As duas instituições fizeram um experimento social na periferia de São Paulo. Financiada pela Fundação Lemann, a Khan Academy ofereceu treinamento de internet para professores e percebeu que a tecnologia na aula e a educação personalizada podem mudar o sistema didático. “Obrigado por essa parceria no Brasil. Estamos fazendo diferença”, disse Khan.
Apesar de oferecer uma opção paralela à educação formal, Khan não acredita que as escolas se tornarão obsoletas (ele espera integrar sua iniciativa ao ensino formal). Para impedir que grande parte da população permaneça com baixa escolaridade e seja afastada do mercado de trabalho por causa do advento de novas tecnologias, Khan defende educação gratuita e implementação de infra-estrutura de acesso à internet.
Essas políticas, aliadas ao uso abrangente de ferramentas como a Khan Academy, deixariam a sociedade mais preparada para lidar com o impacto de novas tecnologias e capaz de trabalhar em frentes de inovação como inteligência artificial, na visão do empreendedor.
Khan também lamentou que pouca gente escolha o caminho do empreendedorismo social e afirmou que o empreendedorismo nas áreas de saúde e educação é o mais necessário para melhorar a sociedade.
Sal Khan criou sua empresa despretensiosamente, como forma de dar aulas particulares para suas primas e irmã. Porém, seus vídeos viralizaram rapidamente -- assim ele criou a Khan Academy. Khan manteve seu modelo de negócio sem fins lucrativos e se baseia em doações.
POR RENATA S. GERALDO, DE BOSTON/ Época Negócios

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Editora do Brasil oferece curso gratuito sobre a BNCC, em formato EAD, para professores e gestores

curso gratuito BNCC
A partir de abril, educadores de todo o país poderão se inscrever e participar gratuitamente do curso “Educa Brasil 2019: mudanças e continuidades à luz da BNCC”, oferecido pela Editora do Brasil.
Para se inscrever, o educador deve ir no site da plataforma Educa Brasil, a partir do dia 1º de abril, acessando o endereço http://educa-brasil.com. Realizada a inscrição, ele poderá iniciar a primeira etapa dos estudos.
O curso é destinado para educadores do Ensino Fundamental 2, das redes pública e privada, e oferece, além dos módulos básicos sobre os fundamentos e estrutura da BNCC, cursos específicos para gestores e professores das áreas de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As competências que abordam a cultura digital e as capacidades comunicativas serão trabalhadas em módulos específicos, visto a importância dessas temáticas no contexto educacional brasileiro.
“O objetivo do Educa Brasil é ajudar os professores a entender melhor sobre essas mudanças que trazem a BNCC. Sabemos da importância de investirmos na formação de nossos professores. Esperamos atender mais de 5.000 educadores este ano”,diz Helena Poças Leitão, gerente de Marketing e Inteligência de Mercado da Editora do Brasil.
O curso é disponibilizado na modalidade EAD (Ensino a Distância) com carga horária de 40 horas. Desse modo, os educadores poderão fazê-lo da forma mais adequada, de acordo com sua disponibilidade. Cada módulo pode ser iniciado e terminado em qualquer data, sem a necessidade de aguardar prazo para finalizar as atividades, porém a plataforma ficará aberta até outubro de 2019.
Ao final do curso, os participantes baixam na plataforma, seu certificado de conclusão.
Por Redação/Revista Educação

quinta-feira, 4 de abril de 2019

O que é memória eidética?


Alguns filmes e documentários tratam um pouco sobre a memória eidética. Porém, você sabe o que ela é?
A memória eidética, também chamada de memória fotográfica, consiste na capacidade de lembrar facilmente de coisas que você viu em um nível perfeito de detalhismo, como se fosse realmente uma fotografia em sua mente. Eidética é um termo que vem do grego ‘eidos’ que significa visto. Na ficção hoje um dos personagens mais famosos a ter memória eidética é Sheldon Cooper do seriado The Big Bang Theory, o gênio da física é capaz de se lembrar com todos os detalhes os acontecimentos de sua vida, chegando a citar até mesmo a data completa.
Entretanto, vale ressaltar que você não precisa nascer possuindo a memória eidética. Na verdade, ela pode ser desenvolvida através de treinamento e existe uma infinidade de atividades hoje desenvolvidas para este objetivo.

Como treinar para ter memória eidética

Este é apenas um dos exercícios disponíveis e você pode achar diversos outros na internet. Para desenvolver sua memória, pratique por 15 minutos todos os dias o seguinte exercício, para executa-lo você precisará de um livro, uma folha de sulfite branco e um espaço tranquilo e escuro para praticar.
 
Para começar, pegue a folha em branco e corte um pequeno triangulo nela, no espaço deve caber pelo menos um parágrafo de uma página do livro. Então, sente-se em um quarto escuro próximo do interruptor e tranque a porta para não ser interrompido nos próximos 15 minutos. Então, cubra a página do livro deixando apenas o parágrafo selecionado pelo buraco na folha. Feche os olhos e abra, então desligue a luz e enquanto seus olhos se acostumam com a escuridão, você verá um vulto do parágrafo em função do contraste entre branco e preto.
Quando finalmente o texto estiver desaparecendo, ligue a luz por um segundo e a desligue novamente, repetindo o processo até que consiga visualizar o parágrafo na sua mente. Após algum tempo de repetição, você perceberá que lembra facilmente de todas as palavras do texto porque consegue visualizar a imagem na sua mente. Assim você calibra tanto seu cérebro quanto seus olhos para guardar detalhes do que vê e seu cérebro começará a se acostumar a fazer este tipo de registro de tudo o que você considera relevante. É claro, talvez você não se torne tão calibrado quanto Sheldon, porém certamente sua memória agradecerá!
Por Amanda Canabarro/Tricurioso

terça-feira, 2 de abril de 2019

Cronograma do Enem está mantido, diz Inep

Ensino médio
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disse que o cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está mantido e que as provas serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro, como previsto no edital.
Ontem (1º) a RR Donnelley Editora e Gráfica Ltda, gráfica responsável pela impressão do exame, anunciou o fim das operações no Brasil. O grupo, que atua em outros países, disse em comunicado que a decisão foi tomada devido às difíceis condições de mercado na indústria gráfica e editorial nacional.
Hoje (2), em nota, o Inep afirmou que as etapas para a aplicação do Enem 2019 "transcorrem normalmente e que o cronograma está mantido". Em relação à falência da gráfica contratada para a diagramação e impressão dos cadernos de prova da edição deste ano do Enem, a autarquia diz: "existem alternativas seguras sendo avaliadas".

Segurança

A RR Donnelley foi responsável pela impressão do exame desde 2009. Para imprimir as provas é necessário cumprir uma série de requisitos para garantir que as provas não vazem.
A gráfica só pode ser acessada por pessoas previamente identificadas e após passarem por três etapas de fiscalização. Os funcionários trabalham com uniformes de cores diferenciadas e a aproximação da área de impressão é restrita. Avançados softwares dão suporte ao sistema de vigilância por câmeras.
As provas do Enem são impressas durante dois meses, demandando um volume de 50 toneladas de papel por dia, de acordo com os dados divulgados pelo Inep em 2018. Ao todo, são consumidas 2 mil toneladas de papel em todo o processo, ou seja, 2 milhões de quilos de papel com selo de procedência. Mais de 600 funcionários, contratados em um formato diferenciado de seleção, atuam no processo.
No ano passado foram impressos 11 milhões de cadernos de questões para aplicação do Exame aos 5,5 milhões de inscritos. Foram impressos mais de 50 itens de material administrativo necessários para a aplicação, que vão da folha de coleta do dado biométrico até as etiquetas de identificação dos malotes.

Enem 2019

Inep reforçou nesta terça-feira que está aberto, até 10 de abril, o período para pedido de isenção da taxa de inscrição no Enem 2019 e justificativa de ausência na edição anterior. As inscrições para o exame acontecem entre 6 e 17 de maio.
Para não pagar a taxa, os candidatos devem atender aos critérios de isenção. O pedido é feito pela Página do Participante, na internet. A taxa do exame este ano é R$ 85.
Por Mariana Tokarnia - Agência Brasil

Prêmio Educador Nota 10 está com inscrições abertas

Professores e gestores da Educação Infantil ao Ensino Médio de escolas públicas e privadas de todo o país podem submeter seus projetos até 27 de maio

Os vencedores do Prêmio Educador Nota 10 de 2018. Foto: Mariana Pekin
Estão abertas as inscrições para a 22ª edição da maior e mais importante premiação da Educação Básica Brasileira, o Prêmio Educador Nota 10. Professores e gestores da Educação Infantil ao Ensino Médio, incluindo Educação de Jovens e Adultos (EJA), de escolas públicas e privadas de todo o país podem submeter suas Experiências Educativas pelo site do prêmio até às 23h59 do dia 27 de maio.
O Prêmio Educador Nota 10 é uma realização da Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Roberto Marinho e com o apoio de NOVA ESCOLA.
O regulamento deste ano contempla todas as disciplinas do Ensino Médio no escopo do prêmio. Até 2018 só podiam participar professores de Matemática,  Língua Portuguesa, História, Geografia, Física, Química e Biologia. Outra novidade é que um dos critérios de seleção dos trabalhos será a correlação clara entre as aprendizagens propostas e habilidades da faixa etária correspondente com as competências específicas e gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Quem pode participar
Podem se inscrever professores, diretores, coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais com mais de 18 anos, que tenham concluído a graduação em Pedagogia, se for professor de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano), ou possuir uma autorização especial do órgão competente. Ou, então, tenham Licenciatura, no caso de professores de Professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental (do 6° ao 9° ano) e Ensino Médio, conforme prevê o regulamento. Ambos os casos contemplam educadores da Educação de Jovens e Adultos – EJA.
Os interessados também devem ter desenvolvido o trabalho como professor titular ou professor substituto devidamente autorizado pelo órgão competente; ministrar aulas de componentes curriculares, nas ações e projetos curriculares da instituição escolar ou atuar no atendimento educacional especializado na rede pública e/ou privada, em escolas comunitárias ou filantrópicas de acesso público, podendo ser urbanas ou rurais.
Com exceção dos vencedores de 2017 e de 2018, participantes já premiados em edições anteriores podem se inscrever novamente, desde que seja com projetos inéditos, conforme consta no regulamento.   
Premiação
Ao todo serão escolhidos 50 finalistas na primeira fase. Em seguida serão selecionados os dez vencedores. Já o Educador do Ano será conhecido em outubro, durante a cerimônia de premiação, em São Paulo. Cada um dos premiados ganha um vale-presente no valor de R$ 15 mil, além de todas as despesas pagas para participar de uma semana de imersão e da cerimônia de premiação.
O Educador do Ano será escolhido pela Academia de Jurados e receberá outro vale-presente também no valor de R$ 15 mil. As escolas dos vencedores também recebem uma verba para celebração.
Mais informações sobre o Prêmio Educador Nota 10 estão disponíveis no site. Interessados que tiverem dúvidas podem mandar e-mail para contato@educadornota10.org .
Por Camila Cecílio/Nova Escola

EcoPraça planta mais de cem mudas na Praça do Floca

Projeto busca reativar espaços públicos através de ações de cidadania, sustentabilidade e valorização da cultura
FOTO: DIVULGAÇÃO
O projeto Eco Praça deu início às atividades de 2019 nesse final de semana, na Praça do Floca, no bairro de Mirassol, zona Sul de Natal. O projeto tem o objetivo de reativar espaços públicos através de ações de cidadania, sustentabilidade e valorização da cultura.
No sábado, a edição Sustentabilidade contou com participação na Hora do Planeta, iniciativa mundial organizada pela WWF (sigla em inglês para Fundo Mundial pela Natureza), que propõe uma reflexão sobre como a natureza está conectada às nossas vidas.
Já no domingo foi feito o plantio de mais de cem mudas de espécies como flamboyant, sabiá, bananeira, abacateiro, goiabeira, limoeiro, laranjeira, amoreira, cajá-manga e diversas plantas ornamentais e hortaliças.
O diretor e idealizador do Eco Praça, Geraldo Gondim, afirma que “o plantio dessas mudas é uma das ações permanentes que o Eco Praça deseja fazer nos espaços públicos pelos quais passaremos e vem alinhado com o tema Sustentabilidade, que é a abordagem dessa edição”.
“A ideia é que a comunidade também se aproprie do legado deixado nesses espaços. Aqui em Mirassol já estamos agendando um encontro com o Conselho Comunitário do bairro para que os moradores possam colaborar nos cuidados com canteiro de mudas que foi plantado hoje”, afirma.
Por Redação/Portal no Ar

Autismo: quebra de estigmas é o pilar na prática da educação

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, profissionais e famílias trazem a necessidade de olhar para o autismo com mais empatia
Vânia Albuquerque, Carlos Almeida Júnior e Carlos Almeida
Vânia Albuquerque, Carlos Almeida Júnior e Carlos AlmeidaFoto: Julya Caminha/Folha de PernambucoLidar com o Transtorno de Espectro Autista (TEA) foi, por muito tempo, carregado de estigmaMagda Bezerra Prado, 45 anos, pedagoga especialista em educação inclusiva, conta a história de progresso de mães que, no início do diagnóstico, não conseguiam reconhecer o seu filho para além do autismo e também revela a importância da disseminação de informações a respeito do TEA. 

De acordo com a pedagoga, “a divulgação sobre o autismo foi cada vez mais ampliada. A gente vê o autismo na mídia, diversas organizações de pais se mobilizando e até mesmo as leis fortificam um olhar diferenciado para o Transtorno de Espectro Autista".

“Hoje a gente escuta muito falar sobre autismos, pois são características pontuais que se manifestam de formas diversas”, Magda aponta. A pedagoga estuda as diferentes ilhas de inteligência da pessoa com autismo e defende que, para quebrar estigmas, é preciso continuar incentivando uma prática de educação que não tente padronizar o desenvolvimento, mas leve em conta as singularidades e diferentes habilidades de cada um.


Nesse sentido, a Escola Municipal Engenho do Meio é referência na educação especializada. Atuando com tecnologias assistivas, a escola oferece softwares e máquinas específicas para atender a demanda de cada aluno, variando de acordo com o seu perfil. Tais modificações, segundo Magda Bezerra Prado, são essenciais no auxílio educativo, pois não transformam as ferramentas apenas em máquinas, mas levam em conta a capacidade de cada usuário.
Softwares especiais facilitam a digitação de crianças com restrições motorasSoftwares especiais facilitam a digitação de crianças com restrições motoras - Crédito: Julya Caminha/Folha de PernambucoAlém disso, no acompanhamento para alunos dentro do espectro autista, escolas têm a obrigação de fornecer assistência na sala de aula regular e atendimento especializado. Muito bem assistidos na Escola Municipal Engenho do Meio, os frequentes "não", a falta de apoio e cobranças ilícitas em outros colégios é narrativa comum aos pais que lá chegam em busca do prometido tratamento de referência. Ao todo, 33 crianças autistas são atendidas pela escola.

"Aqui eu vejo que não há essa coisa de 'ser especial', aqui todos são iguais, sem discriminação. Os meninos abraçam o meu filho e todos me conhecem como 'o pai de Carlos'", revela o músico, Carlos Almeida, 39 anos, pai de Carlos Júnior, aluno da escola. Junto com outros pais, Carlos participa ativamente da programação escolar, constituindo também um grupo que luta por mais assistência na instituição e, junto com a escola, dialoga com a Secretaria de Educação do Recife

Para esses pais, a preocupação não é apenas individual, o grande senso de coletividade os fazem abraçar a causa e se relacionar com outras famílias que lidam com o diagnóstico do Transtorno de Espectro Autista. “Minha maior preocupação hoje é como vai ser depois daqui”, desabafa Carlos. Por isso, os pais lutam no diálogo com a prefeitura para que os alunos continuem sendo acompanhados, novas vagas abram no colégio e o déficit de acompanhantes seja sanado.

Essa preocupação se faz pertinente, pois, como Carlos aponta, “um dia sem aula para uma criança autista, é um dia perdido”. Sem acompanhamento qualificado - que deve ser garantido pelas escolas, tanto públicas, como privadas - muitas dessas crianças não conseguem ir ao colégio, retardando o progresso feito com a educação assistiva.

No que diz respeito às necessidades de melhorias na educação para pessoas com autismo, Magda Bezerra Prado complementa “se a gente for olhar só as impossibilidades, a gente esquece de perceber, de fato, quem é essa criança na sua singularidade”. Neste sentido, os profissionais da Escola Municipal Karla Patrícia, resolveram ser um “sim” em uma vida de tantas negações para o estudante José Vinicius Iunskoski, de 13 anos.

Percebendo sua paixão pela vida marinha e os aquários, os professores de José Vinícius o incentivaram a pesquisar a respeito e ser premiado em um projeto para filtragem de aquários marinhos. De acordo com Ana Carmem Diniz, 40 anos, mãe de Vinícius, “ele pesquisou muito na internet, tudo que ele gosta ele vai fundo e estuda”. Agora, expondo em uma feira de ciências nacional, o aluno promete “eu vou melhorar esse projeto”.

São as vivências de famílias reais que sensibilizam o tratamento do Transtorno de Espectro Autista. Longe de preconceitos carregados por tanto tempo, é cada vez mais necessário uma abordagem afetiva às singulares. O músico Carlos Almeida, pai de uma criança, conclui “Hoje eu me sinto privilegiado, mudei muito e aprendi a ser humano com meu filho. Se não nos apegarmos ao dinheiro e tivermos amor e dedicação, muita coisa se resolve. Se tivermos menos egoísmo, podemos ajudar o próximo”.

Por: Débora Aleluia /FolhaPE

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Testes de DNA estão mudando a forma de conhecermos nossas famílias

Montagem com retratos de Leonardo Bamonte, Rodrigo Alves e Silvia Vieira (Foto: Dulla / Direção de arte: Feu)
MONTAGEM COM RETRATOS DE LEONARDO BAMONTE, RODRIGO ALVES E SILVIA VIEIRA (FOTO: DULLA / DIREÇÃO DE ARTE: FEU)




Anna Maria de Jesus, mãe da tataravó da catarinense Juliana Sakae, foi escravizada e viveu na atual Araquari, cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, a 25 minutos de carro de Joinville, em Santa Catarina. A descoberta foi uma surpresa para a família: na região, fortemente colonizada por alemães, as pessoas e autoridades gostam de repetir que “Joinville não tinha escravos, pois o povo alemão era contra a escravidão” — ainda que a cidade tenha sido estabelecida por um senhor de escravos, Joaquim da Rocha Coutinho, em 1854.
Mas Sakae, que em 2015 começou uma ampla pesquisa sobre sua árvore genealógica, sentia-se intrigada com a história daquela Anna Maria de Jesus, que com um pai “incógnito” teve Thecla Maria de Jesus, sua tataravó. Quem era Anna Maria? E quem era o homem desconhecido? O mistério começou a ser desvendado quando ela encontrou o registro de 1883 do casamento de Thecla com Francisco Xavier Vieira. E lá estava escrito em bom (ainda que antigo) português que Thecla “foi escrava de José da Rocha Coitinho [sic] e filha de Anna escrava do mesmo Rocha, e de pai incógnito”.
Além da surpresa de ver que a penta e a tataravó foram mulheres escravizadas, Sakae começou a suspeitar que o tal pai incógnito poderia muito bem ser José da Rocha Coutinho ou alguém da família Rocha Coutinho. A confirmação de que a suspeita tinha fundamento veio no ano passado, quando o tataraneto de José da Rocha Coutinho, que mora em Fortaleza, fez um teste genético de ancestralidade, a pedido de Sakae. Bastaram algumas cuspidas dele em um tubo e da avó de Sakae em outro, cerca de US$ 100, algumas semanas de espera e voilá: confirmado. Os dois têm grau de parentesco. A próxima missão de Sakae é descobrir exatamente quem da família Rocha Coutinho era o pai de sua tataravó.
O paulista Rodrigo Alves Silva tem uma história parecida. Ele sempre teve curiosidade e interesse por história, especialmente a do próprio passado. Por ser negro, não havia dúvidas de sua ascendência africana, mas ao fazer um teste genético de ancestralidade descobriu ter 50% de composição genética africana, principalmente da Nigéria, e 33% europeia. É quase tão europeu quanto africano.
O resultado do teste trouxe ainda outra revelação: Silva tem alta compatibilidade genética com um homem que mora nos Estados Unidos. Um primo de quem nunca tinha ouvido falar e despertou nele a curiosidade de saber mais sobre a história da família de seu pai, com quem teve pouco contato. Ele é descendente da família Campos, cujo patriarca, Filipe de Campos Banderborg, foi um importante senhor de escravos no interior paulista — interior este onde viveu sua bisavó, uma branca de olhos azuis e cabelos crespos.
Encontrar o primo desconhecido fez com que ele pesquisasse mais a fundo esse lado da família e descobrisse aquilo de que desconfiava: sua tataravó viveu na condição de escrava e provavelmente foi violentada pelo patriarca da família Campos. Ao contar as descobertas ao primo, este não quis mais contato. Silva, no entanto, diz que compreende o lado dele. “O que para mim foi uma relação de descoberta, para outra pessoa pode ser a revelação de um passado obscuro, e o Brasil é um país que busca muito fugir de um passado de escravidão e abusos”, destaca. “Mas está na genética, não podemos negar.”
Embora o estudo de genealogia remonte à Idade Média, talvez nunca tenha experimentado uma reviravolta tão grande quanto nos últimos três anos, com a popularização dos testes genéticos de ancestralidade. Uma pesquisa divulgada pelo MIT Technology Review revelou que ao menos 26 milhões de pessoas já coletaram amostras de saliva ou de células da bochecha para ter parte do genoma analisado. Se o ritmo se mantiver, a expectativa é de que, em dois anos, mais de 100 milhões de pessoas no mundo tenham acesso a detalhes sobre sua ancestralidade.
Por MARÍLIA MARASCIULO | EDIÇÃO GIULIANA DE TOLEDO | FOTOS DULLA | DESIGN FEU /rEVISTA Galileu